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Intérprete de Gatsby, DiCaprio revela que novos projetos ainda o deixam nervoso

Ana Maria Bahiana

DO UOL, em Los Angeles (EUA)

06/06/2013 05h00

“Eu acho que Baz Luhrmann é o diretor perfeito para 'O Grande Gatsby'”, diz Leonardo DiCaprio. “Na verdade, eu acho que ele É Gatsby, em vários aspectos. O lema da produtora dele, Bazmark Films , é 'viver sem medo'. Esse poderia ser o lema de Gatsby.”

DiCaprio foi, nas palavras de Luhrmann, a “primeira e única escolha” para viver o papel do misterioso milionário que, nos anos 1920, dá festas espetaculares em sua ainda mais espetacular mansão em Long Island, Nova York, não para celebrar sua fortuna, mas para tentar conquistar o grande amor de sua vida, Daisy, infelizmente casada com Tom Buchanan, de família tradicional.

Tobey Maguire, que DiCaprio chama de “quase meu irmão”, faz o papel de Nick Carraway, o vizinho de Gatsby que narra a história. Carey Mulligan vive Daisy e Joel Edgerton é Tom Buchanan.

Adaptada para a tela três vezes, em 1926, 1949 e 1974, a obra de F. Scott Fiztgerald, um clássico da literatura americana, ganhou do diretor de “Moulin Rouge!” e “Romeu+Julieta” uma versão em 3D, com uma trilha pontuada por pop e hip-hop que chocou muitos críticos nos Estados Unidos (mas não assustou o público: “Gatsby” fechou sua trajetória pelas telas norte-americanas com quase 118 milhões de dólares de bilheteria total).

Em entrevista ao UOL, DiCaprio fala da pressão que sentiu por encarnar um personagem tão icônico e revela que ainda fica nervoso com todos seus novos projetos.

TRAILER DE "O GRANDE GATSBY"

UOL - A obra de F. Scott Fitzgerald já foi levada três vezes à tela. O que você viu nesta versão para aceitar o papel?
Leonardo DiCaprio -
Eu nem pensaria em atacar um projeto como este, baseado num livro considerado uma obra prima, se eu não me sentisse apoiado. O risco é muito, muito grande quando se está lidando com um texto tão famoso. Que escolhas de estilo devem ser feitas? Que escolhas, como ator, eu devo fazer? Para minha felicidade, este filme começou como uma parceria com duas pessoas que são muito próximas de mim: Baz, que eu conheço há 20 anos, e Tobey, que cresceu junto comigo e que, essencialmente, é parte da minha família. Isso me deu uma enorme segurança: eu sabia que nossa abordagem seria de completa honestidade com o projeto e com nós mesmos.

Você não ficou nem um pouco nervoso com a responsabilidade?
É claro que eu fiquei nervoso. Eu fico nervoso constantemente em todo tipo de situação, especialmente coisas novas. Quando era garoto, na escola, eu me sentia sempre como alguém de fora, que não fazia parte de nenhuma turma. Acho que no fundo ainda sou assim. Todo filme que eu começo me deixa muito nervoso.

Qual a sua visão pessoal de Gatsby?
Quando li o livro no ginásio, quando era garoto, eu me lembro que achei Gatsby um homem forte, decidido, estoico, charmoso, misterioso, que tinha tudo sob controle. Para mim ele era o suprassumo do romantismo, e sua história uma história tradicional de amor. Eu nunca percebi que ele tinha um lado sombrio --esse é o poder do texto de F. Scott Fitzgerald, você pode ler várias vezes e cada vez descobrir uma nova camada de significado. Minha interpretação procurou explorar esse lado de Gatsby --ele é um homem profundamente só, uma sombra de si mesmo, oco, completamente desligado da realidade. Sua história é, na verdade, uma grande tragédia.

Baz Luhrmann deu ao filme uma dimensão moderna, no estilo, na fotografia 3D, na música. O que você acha dessas opções?
Um texto como esse é sempre atual. As escolhas de Baz --usar hip hop, filmar em 3D-- apenas tornam ainda mais claro como a obra fala a qualquer geração. A precisão, a profundidade com que Scott Fitzgerald fala dos anos 1920, as pessoas vivendo muito além dos seus meios, o Vale das Cinzas representando o trabalho, os operários, a indústria que sustenta todo esse delírio, as elites completamente desconectadas da vida real, a sombra da crise que viria… E que veio novamente, 80 anos depois, porque isso é um ciclo que se repete sempre… A humanidade progride e progride e ainda não compreendeu o custo desse progresso… Acho que Fitzgerald captura perfeitamente essa mistura de ignorância e arrogância que temos com relação ao progresso.