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Título de filme gera briga entre estúdios americanos e mobiliza personalidades negras

Pôster do filme "The Butler", de Lee Daniels - Divulgação
Pôster do filme "The Butler", de Lee Daniels Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

05/07/2013 17h42

O título de um filme sobre um mordomo negro que serviu oito presidentes americanos na Casa Branca está gerando uma batalha entre a The Weinstein Company, produtora independente dos Estados Unidos, e a Warner Bros., gigante da indústria do entretenimento e mobilizando personalidades afro-americanas.

Previsto para estrear no dia 16 de agosto nos Estados Unidos, “The Butler” (o mordomo, em tradução livre), filme do diretor Lee Daniels com Forest Whitaker no papel principal, está temporariamente sem nome. A MPAA (Motion Picture Association of America), associação dos grandes estúdios de cinema dos Estados Unidos, barrou o uso do nome “The Butler” pelo filme de Daniels, afirmando que a Warner detém os direitos sobre o título com um curta-metragem de 1917.

Embora a legislação americana não preveja o registro de títulos de obras de arte para uso com exclusividade, os principais estúdios americanos – incluindo Weinstein e Warner – são signatários de um acordo mediado pela MPAA para impedir que um filme seja confundido com outro pelo público.

Considerando a proibição injusta, a Weinstein contratou o renomado advogado David Boies para defender seus interesses  no caso. “A alegação de que há perigo de confusão entre o longa-metragem de 2013 da The Weinstein e um curta-metragem de 1917 que nunca foi exibido em cinemas, TV, DVD, ou qualquer outro meio por quase um século não faz sentido”, afirmou Boies.

A alegação de que há perigo de confusão entre o longa-metragem de 2013 da The Weinstein e um curta-metragem de 1917 que nunca foi exibido em cinemas, TV, DVD, ou qualquer outro meio por quase um século não faz sentido

David Boies, advogado contratado pela The Weinstein Company

Em carta ao CEO da Warner, Kevin Tsujihara, com outros cinco executivos do alto escalão da companhia copiados, o diretor Lee Daniels implorou para que o nome do filme não tenha que ser trocado. Com o apoio de nomes de peso da comunidade negra americana, como Whitaker, Oprah Winfrey – que vive a mulher do mordomo no filme –, David Oyelowo e Cuba Gooding Jr., Daniels afirma que todos envolvidos com o filme trabalharam por “quase nada” para que “a história pudesse ser contada com um orçamento muito pequeno”.

“Se tivéssemos que mudar o título a seis semanas da estreia, o filme certamente seria prejudicado pela limitação no número de pessoas que iria ver essa importante história”, afirma o diretor. “Eu realmente espero que vocês aceitem meu convite para ver o filme. Acredito que se vocês o assistirem, irão torcer por ele não apenas como amantes de filme, mas como norte-americanos orgulhosos”, completa.

O apelo de Daniels e a possibilidade de uma ameaça jurídica, entretanto, não comoveram nem intimidaram os dirigentes da Warner. Em carta divulgada nesta sexta-feira (5) pela imprensa americana, o advogado da Warner John W. Spiegel afirmou que o estúdio independente quer uma “exceção Weinstein” para as regras da indústria cinematográfica. “Deixe-me assegurá-lo que a Warner vai se defender vigorosamente de qualquer tentativa da Weinstein de contornar as regras e procedimentos às quais se submeteu voluntariamente”, completa.

Caso descumpra a decisão da MPAA e continue usando o título “The Butler” em materiais promocionais do filme, a Weinstein está sujeita a multa de US$ 25 mil dólares por dia.

“The Butler” é baseado na história de Eugene Allen, mordomo negro que serviu na Casa Branca entre 1952 e 1986, período no qual oito presidentes passaram por lá. O papel de Oprah como mulher de Eugene é o primeiro da apresentadora no cinema desde 1988. Lee Daniels ficou conhecido por dirigir “Preciosa – Uma História de Esperança”, de 2009, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor diretor.