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Após "Piratas do Caribe", trio tenta repetir fórmula em "O Cavaleiro Solitário"

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

11/07/2013 22h50

O ator Johnny Depp, o diretor Gore Verbinski e o produtor Jerry Bruckheimer reforçaram o gosto por trabalhar juntos ao voltarem aos cinemas com mais uma aventura da Disney: "O Cavaleiro Solitário", que estreia no circuito nacional nesta sexta-feira (12). Parceiros na franquia "Piratas do Caribe", os três pouco mudam a fórmula de sucesso anterior para recontar agora o mito do herói mascarado, que combatia o crime no velho oeste do país.

Com produção cara e um nome de peso para conferir um humor específico à história (aos moldes de Jack Sparrow), o filme passa longe de reinventar o gênero do faroeste ou mesmo de aventura, mas não é o desastre que o fracasso nas bilheterias dos EUA pode sugerir, especialmente no que diz respeito à missão de divertir.

O longa traz as aventuras de John Reid (Armie Hammer), contadas a partir do ponto de vista do nativo americano Tonto (Johnny Depp), nome que ficou conhecido na cultura pop em grande parte apenas como o parceiro do justiceiro. Com Verbinski, a narrativa passa para a voz do índio, colocando as batalhas típicas nas quais a dupla se envolve sob outra perspectiva.

TRAILER LEGENDADO DE "O CAVALEIRO SOLITÁRIO"

Como inimigo em comum de ambos está o forasteiro Butch Cavendish, interpretado com competência por William Fichtner, ator especialmente moldado para papéis de vilões -- até mesmo em comédias pouco brilhantes como no remake de "Golpe Baixo", lançado em 2005. No elenco ainda está Tom Wilkinson, no papel de um ganancioso construtor de ferrovias e a mocinha Recebba Reid, mulher do irmão do herói, o honrado xerife Dan Reid.
 
Quando a trama foge da descrição mais clássica sobre as aventuras do Cavaleiro, há um menino que questiona o narrador Tonto constantemente sobre desvios na história, que traz detalhes diferentes das lendas que o garoto escutara em sua infância. Talvez seja a forma que Verbinski encontrou para delimitar as partes em que o roteiro tomou a liberdade de incrementar o personagem, mas sem nunca desconstruir a figura por completo.
 
Verbinski e Bruckheimer parecem ter desenvolvido uma fórmula para cativar a atenção do público com histórias simples de serem seguidas, ainda que contenham reviravoltas. A somatória de Johnny Depp -- e todo o vestuário que marca seus personagens e sua própria figura pública --, com dinheiro e aventuras em cenários impressionantes pode ter apresentado finalmente sinais de cansaço com "O Cavaleiro Solitário", dada a má repercussão no mercado norte-americano, mas ainda há o que se salvar no filme.
 
Cenas de ação muito bem montadas, repletas de momentos quase impossíveis como um cavalo andar em cima de um trem, são o principal trunfo do filme, justificando em parte a alta cifra da produção: US$ 250 milhões. A paisagem natural da região sul dos Estados Unidos, com vegetação de região árida e muita areia,também é outro elemento muito bem aproveitado pelo longa, que traduz bem a imagem que se faz do velho oeste, seja ela verdadeira ou não --com pouco cromaqui e computador.
 
Como em qualquer produção da Disney, momentos de ação são glamorizados, sangue e violência são atenuados, o que confere uma atmosfera quase feliz ao trágico universo de personagens da trama: índios contra policiais do Texas, que não aprovam empreiteiros, que empregam chineses como mão de obra barata.

DEPP QUIS HOMENAGEAR CULTURA NATIVA AMERICANA

Somente um momento, envolvendo o malvado Butch Cavendish logo no começo do filme, pode ser considerado mais grotesco, mas o resto do longa mantém o padrão de aventura clássica: bem e mal bem definidos, reviravoltas explicadas e tudo claro como água.
 
É essa falta de surpresas que pode ser encarada por um público mais exigente como algo negativo na produção, mas que não chega a tirar a proposta do filme: entreter a audiência com uma história que não redefine o mito do Cavaleiro Solitário.Apenas reconta-o de forma glamorizada a partir de outro ponto de vista.
 
Zorro vs Cavaleiro Solitário
 
O personagem do Cavaleiro Solitário (Lone Ranger, em inglês) foi desenvolvido por Fran Striker, um escritor que trabalhou na década de 1930 com o criador George W. Trendle, também dono da emissora de rádio nos Estados Unidos responsável por veicular as histórias do herói pela primeira vez. John Reid é o nome civil do justiceiro que tem como profissão um posto entre os Texas Rangers, um grupo de policiais que protege o interior do estado norte-americano, especialmente na zona rural.
 
No Brasil, há certa confusão entre John Reid e Zorro, outro justiceiro mascarado que ficou conhecido no mundo do entretenimento, mas que usava espada e não era um homem-da-lei do Texas. Zorro foi criado por Johnston McCulley pouco depois da Primeira Guerra Mundial.
 
Apesar de ambos serem justiceiros, é do Cavaleiro Solitário um símbolo conhecido do folclore de velho oeste dos EUA: o grito "Hi-yo Silver", bradado pelo herói para se referir a seu cavalo branco. Zorro, por sua vez, ficou marcado por rasgar tecidos com uma letra "Z", feita à espada na roupa de inimigos.

ARMIE HAMMER E RUTH WILSON FALAM SOBRE O FILME