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Após 8 anos de "invisibilidade", Betse de Paula lança comédia "Vendo ou Alugo"

Marieta Severo e Marcos Palmeiras em cena do filme "Vendo Ou Alugo", de Betse de Paula  - Divulgação
Marieta Severo e Marcos Palmeiras em cena do filme "Vendo Ou Alugo", de Betse de Paula Imagem: Divulgação

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

07/08/2013 08h13

Grande vencedora do festival Cine PE, com 12 prêmios, a comédia “Vendo ou Alugo” de Betse de Paula estreia nesta sexta-feira (9) com um humor que foge do politicamente correto ou do besteirol. O longa, que também está na programação de festivais internacionais, marca o retorno da diretora aos cinemas.

Trailer de "Vendo Ou Alugo"

Desde "Celeste & Estrela", foram oito anos de “invisibilidade” sem lançar longas, como definiu a própria Betse, que é filha do cineasta Zelito Viana, irmã do ator Marcos Palmeira e sobrinha do humorista Chico Anysio. 

“Em 2008, numa reunião, o distribuidor falava que não havia diretor de comédia no Brasil. Eu, então, não existo? A minha impressão era de que eu não estava ali”, disse ao UOL.

Comparada aos grandes lançamentos no cinema brasileiro, a comédia de R$ 3,5 milhões que tem estreia nacional com 150 cópias é considerada de médio porte, mas conta com um elenco de peso, com Marieta Severo, Marcos Palmeira e Nathália Timberg.

Seus últimos longas foram ambientados em Brasília – a comédia romântica “O Casamento de Louise”, de 2001, com Silvia Buarque e Dira Paes; e a de baixo orçamento “Celeste & Estrela”, de 2005, com Dira Paes e Fábio Nassar, um filme que conta o sonho de uma realizadora de dirigir um longa.

“Vendo ou Alugo” retoma o seu estilo de comédia e traz Betse novamente à visibilidade. A diretora conversou com o UOL, no Rio de Janeiro, na semana do lançamento e admitiu temer a crítica, apesar de se dizer confiante de que o filme seja capaz de atrair espectadores pelo boca a boca.

“Claro que sim [tenho medo da crítica]. Você demora anos da sua vida, dá seu coração, sua alma, seu sangue, respira e dorme no filme. Eu acordo no processo e, numa canetada, o crítico escreve qualquer coisa e, se estiver errado, não pede desculpas. Além de influenciar um monte de gente”, admitiu.

Em Recife, Betse contou ter sido “completamente inesperado” o sucesso do filme. “O que aconteceu lá foi uma coisa incrível. Recebi 12 prêmios, da crítica do público e do júri. A maré subiu. Eu sempre batia no raso, acho que sou fora da curva”, brincou a diretora ao comentar que a comédia levou mais de cinco anos para ser realizada tendo sido dois anos de pós-produção.

Para ela, o diferencial nesta comédia é o toque autoral que consegue imprimir no filme.

Protagonizada por Marieta Severo, que vive Maria Alice, o longa foi filmado num casarão antigo no Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, próximo ao famoso bairro de Copacabana, na zona sul carioca.

O filme tem como pano de fundo questões atuais da cidade, como a pacificação das favelas e a especulação imobiliária. A história retrata uma família em decadência com quatro gerações de mulheres. Maria Alice (Marieta) terá que convencer a mãe (Nathália Timberg), a filha (Silvia Buarque) e a neta (Bia Morgana) de que só há uma solução para escaparem da falência: tentar vender a casa antes que ela vá a leilão.

“A Betse está no politicamente incorreto. É uma maneira de ver a vida tentando buscar um lado engraçado das coisas. A história poderia ser um drama, mas o que tem de meu é o olhar, o lado humano e o social bem-humorado. Tentar refletir através da comédia. Os personagens são bastante consistentes”, enfatizou a diretora.

Para dar um plus no lançamento, a produtora Mariza Leão entrou na empreitada. Ela foi a responsável por produzir a franquia “De Pernas pro Ar”, cujo segundo filme ultrapassou a marca de 4 milhões de espectadores com um lançamento nacional de 400 cópias.

O sentimento é de missão cumprida. Betse conta se sentir na situação do Dumbo, “um cachorro pequeno, o prédio está queimando ao fundo e eu tenho que bater as orelhas e voar”, brincou.

“Agora já está feito, é torcer. O filme brasileiro tem que acontecer nos três primeiros dias. A gente está na humildade”, contou. Enquanto muitas comédias lançam com, pelo menos, 350 cópias de filmes nas salas de cinema, esta vai às salas de cinema com 150.

De volta à ativa, Betse de Paula está com a agenda cheia até 2014. Além da comédia bastante carioca, deve ser lançado na próxima semana no Festival de Gramado o documentário “Revelando Sebastião Salgado”, sobre o fotógrafo brasileiro. O filme já tem exibição prevista para o Festival de Brasília, Santiago do Chile e Berlim.

Sem dar muitos detalhes, Betse anuncia que já tem projetos em vista. Entre eles, mais uma comédia: “Agora Mãe”. A equipe já pensa em um segundo “Vendo ou Alugo”.

“Pode ter um 2, a vizinhança agora é outra. Estamos pensando. A gente só sabe se vai fazer quando sair o dinheiro. As ideias são muitas, tenho um monte de roteiro pronto, mas não quer dizer que vai (sair do papel)”, disse.