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À beira dos 50, Marcos Palmeira faz par romântico com Marieta Severo

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/08/2013 16h25

Prestes a completar 50 anos no próximo dia 19 de agosto, Marcos Palmeira que vive par romântico com Marieta Severo na comédia “Vendo ou Alugo”, admite que chega à idade madura com “frescor”.

O filme dirigido pela irmã do ator, Betse de Paula, ganhou 12 prêmios no festival Cine PE e estreia no circuito comercial nesta sexta (9).

Palmeira vive Jorge, um traficante no Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul carioca. Mesmo lugar onde Maria Alice (Marieta) vive com a mãe (Nathália Timberg), a filha (Silvia Buarque) e a neta (Bia Morgana), em um casarão decadente, prestes a ser vendido.

A diferença de idade entre Palmeira e Marieta, 66, não assusta, admite o ator. Os dois já haviam contracenados juntos no final dos anos 1980 na peça “Ligações perigosas” e filmaram também “Vai Trabalhar, Vagabundo 2 - A Volta” (1991), de Hugo Carvana.

“Marieta é uma mulher muito interessante, linda, gente fina, cheia de vivacidade e energia. A gente tem uma relação muito legal, é uma das grandes amigas. Vivemos um par romântico no teatro, eu também um jovem. (No filme), a gente está fazendo uma dobradinha no mesmo nível. Eu estou ficando maduro, né... vou fazer o quê? Mas continuo com bastante energia”, salientou.

Eu estou ficando maduro, né... vou fazer o quê? Mas continuo com bastante energia.

Marcos Palmeira sobre chegar aos 50 e fazer par romântico com Marieta Severo, 16 anos mais velha

Em família
Filho do cineasta Zelito Viana e sobrinho do humorista Chico Anysio, Marcos exalta o trabalho da irmã Betse de Paula que a consagra no gênero da comédia.

“O mais importante é ver minha irmã dominando esse universo. Foi um filme de muita parceria. É um filme mais maduro, de uma cineasta de peso que começa a assinar uma marca da sua forma de fazer humor no cinema brasileiro”, definiu o ator.

O filme tem como pano de fundo questões atuais da cidade, como a pacificação das favelas e a especulação imobiliária. “Ela faz um humor em plano sequência, uma coisa dificílima. Fico muito honrado, a gente dividia em casa todas essas questões. Na vida do meu pai sempre foi muito difícil de fazer um filme e é essa luta até hoje no cinema nacional”.

Palmeira critica que o cinema brasileiro tem dificuldade de se aceitar, e ainda mais a comédia, que sofre preconceito.

“A minha irmã consegue contar muito bem uma história com humor e leveza, ao mesmo tempo com pinceladas sociais. Ela é pertinente com o que está acontecendo, é antenada”, comentou.

Trailer do filme "Vendo ou Alugo"

Símbolo sexual
Aos 35 anos de carreira artística, Palmeira se define como “um operário da arte” e garante que cada vez mais abrem-se novas perspectivas de trabalho tanto artísticas quanto empresariais, com o Armazém Vale das Palmeiras, com produtos orgânicos, que abriu no Leblon, a sua fazenda na região serrana e a ligação que mantém com a agroecologia.

"Consigo chegar aos 50 com frescor, não sou comprometido com as coisas que já passaram, estou aberto ao novo. Meu avô falava uma coisa interessante que carrego comigo: nunca assuma compromisso com a eternidade”, disse.

Ao ser perguntado como é chegar a esta idade ainda como um símbolo sexual, o ator disse que o público envelhece com o artista e, aos risos, brincou: “A coisa do galã... que bom... eu fico feliz, mas não é a minha preocupação. O público vai envelhecendo com a gente, mas também se renova”.

Depois da novela “Cheias de Charme”, em que Palmeira viveu o malandro Sandro, o público que passou a abordá-lo nas ruas era mais jovem. “Uma menina chegou e me disse que a mãe e a avó eram minhas fãs. Fico feliz quando uma criança nova me reconhece”.

Ele também não se descuida da aparência. “Sou vaidoso, me cuido, faço exercício, me alimento bem e fico feliz de saber que ainda posso criar essa coisa nas mulheres. Mas não é isso que tem pautado a minha vida”.

Musical
Em um breve balanço de sua carreira, Palmeira diz que não conseguiria fazer diferente e conta que seguiu um “caminho natural” tendo encarnado inúmeros personagens. “Já fui galã rural, playboy, cangaceiro, é a essência brasileira que me dá essa luz”.

Mesmo assim, existem vários papeis que ainda gostaria de fazer, destaca. Entre eles, contar a história do Chico Mendes e de Apoena Meirelles, um indigenista assassinado em 2004, em Rondônia. “Tem muitos personagens no Brasil ainda bem interessantes para serem contados”.

Sobre o remake de “Saramandaia”, Palmeiraque interpreta o seu Cazuza, apenas lamenta que o horário seja muito tarde para atingir o público mais jovem. “É uma novela que acabou tendo um apelo bastante infanto-juvenil, a gente conseguiria ter um público mais jovem, mas esse horário de 23h30 fica difícil”.

Após "Saramandaia", o ator já tem alguns projetos em vista. “Ainda está meio em aberto, não tem nada que eu possa dizer. Estou também fazendo um curso que não tem a ver com o trabalho artístico, bem focado nessa questão da agricultura orgânica e agroecologia”.

O ator também admitiu um desejo seu de atuar em musicais. “Eu tenho vontade de exercitar uma certa cara de pau que tenho, gostaria de fazer um musical. Estou especulando agora, adoro dançar e cantar, mas não sei se tenho jeito nem para um nem para o outro”, ressaltou.