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Festival de Gramado trabalha com mesmo projecionista há mais de 30 anos

José Luis de Almeida, projecionista do Festival de Gramado há 33 anos - Mariane Zendron/UOL
José Luis de Almeida, projecionista do Festival de Gramado há 33 anos Imagem: Mariane Zendron/UOL

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

15/08/2013 12h38

Os principais festivais de cinema do país --a exemplo de Gramado, Cine-PE, Cine Ceará, Festival de Brasília e Mostra de São Paulo-- têm um nome em comum entre eles: José Luis de Almeida. Conhecido como Zé, o projecionista soma quase 50 anos de experiência no trabalho de exibição de filmes. Das 41 edições do Festival de Gramado, Zé esteve em 33 delas.

Ao UOL, o engenheiro contou que a paixão pela projeção começou quando ele era criança. Desde os 9 anos de idade, o paulistano gostava de acompanhar os filmes direto da sala de projeção do cinema próximo a sua casa, na Vila Maria. "Era uma coisa minha mesmo. Ninguém da minha família trabalhava com isso. Meu pai nem gostava que eu fizesse isso", contou. Aos 14 anos, Zé já colocava as películas para rodar.

Atualmente, o projecionista viaja pelo Brasil participando de 40 festivais. "O legal é fazer o evento, mas viajar cansa muito". Ele explica que projetar filmes em festivais é completamente diferente do trabalho em uma sala comum. "Um projecionista de cinema comum não faz festival, porque tem muitos detalhes. Muitas vezes o filme é exibido em teatro e outros espaços inusitados", conta ele, que é responsável também pelas projeções no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) durante a Mostra de São Paulo.

Zé explica que, em uma sala normal, a maioria dos projecionistas só aperta um botão na hora da exibição. "Aqui não. Todos os diretores dos filmes acompanham as projeções e querem que saia tudo perfeito, porque seus filmes estão competindo por um prêmio. Agora mesmo recebi uma ligação de um diretor que quer fazer um teste".

Lidar com os diretores, segundo ele, não é uma tarefa muito fácil. "Às vezes, eles reclamam que a cópia não está boa, mas para isso não tem solução. O que podemos ajustar na projeção é a luz, o foco, o enquadramento e o som".

Zé conhece os principais diretores de cinema, mas diz que não se deslumbra por estar em contato com esses profissionais. "O trabalho deles é tão importante quanto o seu e o meu. Não tenho esse tesão de conhecer os diretores e atores. Às vezes minha mulher me pede para tirar foto de alguns deles, mas não gosto muito disso".

Ele também diz que é muito difícil assistir aos filmes da sala de projeção. "Enquanto o filme não acaba, eu não descanso. Projecionista que diz que vê muito filmes durante o trabalho é bobagem. Na sala, você fica em pé, preocupado se está tudo dando certo. Quando você se vira para arrumar um detalhe, lá se vai uma cena. Prefiro assistir a filmes sentado".

O engenheiro disse que, independentemente do orçamento do festival, leva o mesmo equipamento para todos porque gosta de manter o padrão de qualidade. Zé diz saber o motivo de ser o escolhido para trabalhar nos principais festivais: "Eu tenho um carinho pelo filme, é como se fosse um filho meu".