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Filmes em 3D serão tão comuns quanto coloridos, diz Campanella no Rio

Cena de "Time Show de Bola", animação de Juan José Campanella - Divulgação
Cena de "Time Show de Bola", animação de Juan José Campanella Imagem: Divulgação

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

27/09/2013 22h08

O cinema 3D vai se tornar tão comum como virou o cinema colorido, disse nesta sexta-feira (27) o diretor argentino Juan José Campanella que participou da pré-estreia da animação em 3D de “Um Time Show de Bola” ("Metegol", no original) no Festival de Cinema do Rio 2013, no Cine Odeon.

Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 com “O Segredo dos Seus Olhos”, Campanella se lançou ao desafio de dirigir pela primeira vez uma animação.

O filma conta a história de Amadeo, um jovem que vive e trabalha num bar de um pequeno vilarejo argentino. Amadeo joga pebolim como ninguém e está apaixonado por Laura, mas ela ainda não sabe disso. Sua rotina simples desmorona quando Párpados, um jovem do vilarejo que se transformou no melhor jogador de futebol do mundo, volta para casa disposto a se vingar da única derrota que sofreu em sua vida. Com o pebolim, o bar e até sua alma destruídas, Amadeo descobre algo mágico com os jogadores de seu pebolim. Juntos, embarcam numa viagem de aventuras para salvar Laura e o vilarejo e se transformar numa equipe de verdade.

Produção de 20 milhões de dólares

O diretor afirma que se surpreendeu com o trabalho que é realizar uma animação. Foram mais de dois anos de desenvolvimento e três de produção. “Um Time Show de Bola” custou US$ 20 milhões de dólares, uma produção “carinha, salgada”, admitiu.

O argentino se disse ansioso por assistir pela primeira vez à animação com dublagem em português. Na Argentina, o filme levou aos cinemas um milhão de espectadores em apenas 10 dias. Em pouco mais de dois meses já arrastou 2,1 milhões de pessoas, um sucesso de público.

“No final, a plateia vira quase um campo de futebol em que o pessoal torce”, destacou.

No Brasil, o filme será lançado nos cinemas no dia 29 de novembro pela Universal Pictures.

Em conversa com os jornalistas no tapete vermelho na sessão de gala, Campanella contou ter sido uma sensação bastante diferente a sua primeira experiência em animação. O primeiro ano foi de adaptação entre os dois mundos, o cinema e o desenho animado. “Eu queria coisas que para os animadores eram impensáveis. É preciso armar a animação toda na cabeça, foram dois anos que fiquei imaginando o filme”, disse.

Antes de fazer as sequências animadas, primeiro são gravadas as vozes. “Em geral, grava-se uma voz por vez, mas fizemos como se fosse num filme e gravamos com vozes ao mesmo tempo. Em vez de dirigir um ator por personagem, você dirige 30 animadores”, detalhou.

"3D vai ser comum no futuro"

Sobre a opção por 3D, Campanella admitiu que, hoje em dia, não é mais possível encarar um filme que não seja 3D. “No processo, eu gostei muito, é um processo muito mais artesanal do que eu pensava. Tem uma questão da convergência dos olhos, é preciso medir a cada take. Acho que vai ser tão comum no cinema como foram as cores, como foi o cinema colorido. O 3D, em alguns anos, vai ser normal”, apostou.

No futuro, o diretor decidirá realizar um filme em 2D assim como hoje, se opta por filmar em branco e preto, opina. “Eu gosto muito do 3D para as cenas íntimas, mais que cenas abertas. Parece teatro, como se você estivesse sentado ao lado das pessoas”, salientou.

Perguntado se pretende encarar uma segunda animação, bem humorado Campanella respondeu, sorridente: “Em outra vida, em outra encarnação”.

Esta é a segunda vez que Campanella vem ao Festival do Rio. Na vez anterior foi exibido “O Segredo dos Seus Olhos” (2009).

O argentino já está se debruçando sobre um piloto de uma série americana que irá substituir “Breaking Bad” e terá o nome “Hold and catch fire”.