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Filme vencedor de Cannes é proibido no estado americano de Idaho

Do UOL, em São Paulo

11/10/2013 14h54

O filme "Azul é a Cor Mais Quente", que ganhou muita atenção desde que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, foi banido dos cinemas do estado de Idaho, nos Estado Unidos com mais de 1,5 milhão de habitantes.

A dona de uma das salas do estado americano explicou ao site The Hollywood Reporter explicou que a lei do estado proíbe a exibição de filmes que contenham "atos ou simulação de atos sexuais, masturbação, sodomia, bestialidade, sexo oral, flagelação ou quaisque atos sexuais que são proibidos por lei" e "qualquer cena de pessoa sendo acariciada nos seios, nádegas, ânus ou genitais". "Não é porque somos hipócritas", justificou-se ela, também apontando que "Shame" (2011), de Steve McQueen, também não foi exibido no local.

Adaptação da história em quadrinhos "Le Bleu est une Couleur Chaude", a trama de Abdellatif Kechiche mostra as descobertras sexuais de uma adolescente, Adèle, que se apaixona por outra garota. O filme causou polêmica por trazer imagens explícitas de sexo lésbico, que fizeram o diretor cogitar cortar trechos em alguns países.

Polêmica
O filme foi envolvido em muitas polêmicas desde que saiu vencedor de Cannes. A atriz Léa Seydoux, uma das protagonistas, afirmou que se sentiu como uma "prostituta" em alguns momentos porque o diretor a forçou nas cenas mais pesadas de sexo.

“Claro que era uma espécie de humilhação , às vezes, eu estava me sentindo como uma prostituta . É claro que ele usa isso às vezes. Ele estava usando três câmeras, e quando você tem que fingir o orgasmo durante seis horas… Eu não posso dizer que não era nada. Mas para mim é mais difícil mostrar os meus sentimentos do que o meu corpo,” declarou Léa. A atriz Adèle Exarchopoulos também chegou a afirmar que se sentiu explorada.

O diretor se defendeu logo depois dizendo que perguntou muitas vezes às atrizes se elas queriam parar, mas que Seydoux estava determinada a ir até o fim. Ele disse ainda  ter se sentido "humilhado" e "desgraçado". "Senti uma rejeição por mim mesmo. Vivo como se estivesse sob uma maldição", disse o diretor ao jornal "The Independent". 

Para Kechiche, a polêmica impede que o espectador assista ao filme "com o coração o limpo e com um olhar atento". "Eles [o público] vão dizer, 'será que esse homem não abusou dessas garotas? Será que ele também não as tocou e elas não querem falar?'", desabafou.