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Passagem por "Game of Thrones" foi "aquecimento", diz diretor de "Thor 2"

Mário Barra

Do UOL, em Anaheim (EUA)*

01/11/2013 18h37

O cineasta Alan Taylor viveu praticamente toda a sua carreira em produções de TV, mas isso não representou um impedimento para que ele fosse escolhido como diretor de “Thor: O Mundo Sombrio”, a sequência do longa estrelado por Chris Hemsworth em 2011. Convocado por Kevin Feige, o cérebro por trás dos sucessos da Marvel no cinema, o norte-americano ficou conhecido por assinar seis episódios de “Game of Thrones” até 2012.

A experiência na TV foi fundamental para obter o papel de diretor do segundo filme sobre o herói nórdico adaptado pela Marvel Comics. “Eu não seria convidado a fazer esse filme se não tivesse passado por aquele aquecimento ['Game of Thrones']. Kevin Feige era fã da série”, contou Taylor em uma mesa-redonda com jornalistas da qual o UOL fez parte. “O filme tinha algo em comum com a série pelo fato de ser um mundo fantástico, mas ser também visceral, ter uma história verossímil. Você lida com pessoas reais, mesmo se estão fazendo coisas fantásticas.”

Participar de uma série de TV que aborda um universo mítico assim como o de “Thor” também foi uma ferramenta usada por Taylor para explicar ao elenco o que ele gostaria de ver em cada cena. “Gostei do que vi quando assisti ao filme original, mas eu queria mudar o tom e o visual da coisa”, disse. “Então, quando eu descrevia algo que era parecido com 'Game of Thrones', todo mundo entendia.”

Para aquilo que Taylor não tinha capacidade de dirigir, ele contou com a ajuda de Joss Whedon, o cineasta responsável por conduzir “Os Vingadores” em 2012 e que apareceu no set de “Thor: O Mundo Sombrio” para salvar um pouco a pátria. “Nós tínhamos uma grande cena, que não estávamos conseguindo tirar do papel de jeito nenhum, e daí ele chegou como se fosse a equipe da Swat”, brincou. “Nós reescrevemos a cena, ficou muito melhor, mais leve e divertida.”

Usando a região de Londres como cenário para simbolizar a Terra, Alan Taylor revelou ter gostado de gravar em localidades como Greenwich – usada em uma batalha decisiva no decorrer do filme – e na frente da igreja de Saint Paul, uma dos maiores símbolos da igreja Anglicana no mundo. “Nós não chegamos a entrar, filmamos na frente, teve explosão e tudo. Foi preciso cuidado, porque eles cuidam muito da imagem daquele lugar, que sobreviveu à Segunda Guerra. Eles não queriam nem super-heróis destruindo”, disse.

Impedido de ser “tão engraçado” quanto “Homem de Ferro” por conta de uma decisão da equipe da Marvel, Taylor confessou ter sentido um pouco de ciúme por não poder usar mais humor na história de Thor. “Se você vai ver um filme de ação sem graça, vai ter sorte se rodarem isso em um avião. A audiência já amadureceu o suficiente para saber que precisa rir um pouco de vez em quando”, explicou.

“Acho que o humor é uma espécie de marca que define o modo Marvel e explica como eles estão indo tão bem com seus filmes. Neste filme, houve uma preocupação até para a personagem da Natalie Portman fazer mais piadas.”

Professor de história
Curioso por mitologia, Taylor foi seduzido pelo casamento que o personagem Thor representa entre a cultura nórdica e o universo HQ. “É o único cara que tem um pé fincado tanto no universo de super-herói da Marvel como no ideário dos países escandinavos. É um guerreiro e príncipe de uma cultura com centenas de anos”, afirmou. “Se não fosse cineasta, eu seria um professor de história!”

Outra novidade em relação ao primeiro filme -- que fora ambientado em uma cidade do interior nos Estados Unidos -- está na figura do vilão Malekith, o líder do Elfos Negros, também adaptado do universo nórdico para os gibis.

“Malekith nós tiramos dos quadrinhos, mas o grupo que ele comanda nós que inventamos. Foi legal também criar um pouco”, contou Taylor, que se defendeu pela escolha do visual do vilão no longa. “No gibi, ele se parece com a Harley Quinn, tem esse cabelo de rockstar dos anos 1970. Não dava para usar aquela imagem e fazer o personagem ser convincente para as pessoas hoje em dia. Alguns fãs vão nos odiar porque nós não o retratamos com seu cabelo tradicional.”

*O jornalista viajou a convite da Disney