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Aprenda a falar cearencês com elenco do filme "Cine Holliúdy"; assista

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

14/11/2013 08h48

No filme "Cine Holliúdy", mulher bonita é "espilicute", arrumar aquela confusão é "botá boneco" e quando uma coisa é rebuscada, é "chei dos leruaite". O protagonista Francisgleydsson (Edmilson Filho) ainda garante: "É um filme chibata e pra lá de joiado, macho!". Não entendeu? Edmilson com a ajuda do cantor e agora ator Falcão e da atriz Miriam Freeland ensinam o "cearancês", dialeto adotado no filme de Halder Gomes, que chega aos cinemas do sudeste no dia 15 de novembro.

"No Ceará, a gente fala o português, mas o cearencês é a língua predominante. Não queria contar uma história sem essa verdade. Muitas pessoas querem transformar o Brasil em uma identidade só, e não é. Vivemos em um país com uma diversidade cultural imensa, a ponto de cada lugar ter sua língua própria", diz o diretor.

O filme resgata a história dos cineminhas mambembes do interior do Ceará, nos anos 1970, que se viram numa situação de risco com a chegada da televisão. Francisgleydsson e sua família lutam para manter viva a sétima arte com suas películas e seu projetor já capenga, buscando cidades que ainda não foram invadidas pelo temido televisor. "Tudo o que acontece ali eu vivenciei", disse o diretor ao UOL. "É um filme que poderia ter um olhar triste se fosse contado por um adulto, mas eu decidi contar a partir das minhas memórias de criança", contou Gomes.

Veja outras expressões em cearencês
Pai D´Égua: Porreta, legal, bacana
É o Novo!: Diz-se quando algo ou alguém é muito velho
Papôco: Estrondo
Cangapé: chute
Mungango: brincadeira
Tenha nervo: Tenha paciência
To pebado: Dancei, me lasquei

Como o forte do filme é seu dialeto, a maioria do elenco é formada por cearenses, mas uma carioca decidiu se aventurar na trama: Miriam Freeland, que vive Maria Das Graças e mulher de Francisgleydsson. "Perguntei ao diretor por que ele não escolheu uma atriz cearense, mas entendi que ele queria encontrar uma equilíbrio no meio da 'fuleragem' (bagunça) daqueles homens", explicou ela, mostrando que ainda não esqueceu o dialeto. A atriz contou muito com a ajuda dos colegas de elenco. "Eu pedia para que eles me corrigissem caso estivesse falso. A pior coisa seria pagar mico no meio do elenco quase todo cearense".

 

O filme arretado já chega no sudeste com uma marca de 446 mil espectadores, número alto para um filme com orçamento de R$ 1 milhão. Há 15 semanas em cartaz no Ceará, longa é o mais visto de todos os tempos no estado. "Bateu 'Titanic' com apenas 10 cópias. É um sucesso medonho", comemora o diretor em bom cearencês. O sucesso do filme já faz Halder pensar na continuação, mas espera ter mais orçamento e mais tempo para filmar.