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"Ganhar um prêmio é um cafuné", diz diretor de documentário de Raul Seixas

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/11/2013 05h49

“Ganhar um prêmio é sempre um cafuné”, disse ao UOL Walter Carvalho que levou o troféu Grande Otelo de melhor documentário pelo longa "Raul - O Início, o Fim e o Meio", na noite desta quarta-feira (13). O anúncio foi feito durante o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro na Cidade das Artes no Rio de Janeiro.

“Eu não vim pensando em prêmios, mas claro que ganhar um prêmio é sempre um cafuné. É também para mim um incentivo e um desafio porque amanhã eu tenho que ser melhor do que eu fui hoje”, disse.

O filme levou no total três prêmios, o de melhor longa documentário, melhor documentário no voto popular e montagem.

Walter Carvalho ainda ganhou o Grande Otelo como melhor diretor de fotografia em “Heleno”, de José Henrique Fonseca que tem Rodrigo Santoro no papel principal do jogador de futebol Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo nos anos 40.

“Se você se deixar vencer pelo prêmio, vai se acomodar. Não posso acomodar, a minha trajetória está começando agora, não posso bobear”, salientou.

Com mais de 80 filmes como diretor de fotografia, Carvalho foi o responsável por levar 171 mil pessoas ao cinema para ver o documentário sobre Raul Seixas. Após duas semanas em cartaz, o filme contabilizou 100 mil espectadores.

“Foi um recorde de bilheteria dos últimos oito anos de documentário. Apesar de ter 24 anos que o Raul morreu, ele é muito conhecido e muita coisa da vida dele está na internet. Um dos grandes problemas meus era encontrar o que não era conhecido do Raul, o que não estava público para poder gerar algum interesse. Não adiantava contar a história do Raul que todo mundo já sabe”, admitiu.

A produção que custou R$ 2,5 milhões foi considerada cara para um documentário. Segundo Carvalho, 25% do orçamento do filme foi destinado para pagar direitos autorais, pois usa 52 músicas de Raul Seixas.

Sem contar que o longa levou três anos e meio para ser feito – dos quais dois foram de pesquisa e filmagem e o resto de montagem.

“Viajei para a Europa, Estados Unidos e pelo Brasil. Um documentário como esse você não faz de uma vez, os recursos não permitem sair filmando”, contou.

Na opinião de Carvalho, o brasileiro está se acostumando a ir ao cinema para assistir a documentários. “A quantidade de filmes documentários tem formado público e as novas tecnologias trouxeram possibilidades de fazer filmes mais baratos com equipes menores. O brasileiro está se acostumando a ver mais documentário, e “Raul” é uma mostra disso, disse.

Atualmente, Carvalho está em fase de conclusão de três projetos de longa. Há 10 anos, desenvolve uma pesquisa sobre cinema e seu filme se baseia na linguagem cinematográfica chamado “Um filme de cinema”.

Ele ainda está para terminar um outro sobre o poeta Armando Freitas Filho e seu terceiro longa se chama “Brincante”, com o dançarino pernambucano Antônio Nóbrega e deve ser lançado em 2014.