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Filme de horror com Sandy e Antônio Fagundes segura tensão do começo ao fim

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Tiradentes (MG)

25/01/2014 04h38

Sandy e Antônio Fagundes juntos num filme de horror. Essa ideia maluca ocorreu ao diretor Marco Dutra, do premiado “Trabalhar Cansa”, que convidou a cantora e um dos galãs mais veteranos da Globo para estrelarem seu segundo longa, “Quando Eu Era Vivo”, que abriu na última sexta (24) a Mostra de Cinema de Tiradentes e estreia nos cinemas no próximo dia 31.

Adaptado de um livro de Lourenço Mutarelli, escritor de “Natimorto” e “O Cheiro do Ralo”, o filme é a jornada rumo à loucura de Junior (Marat Descartes), um homem que, após separar-se da mulher, volta para o apartamento do pai (Fagundes) no centro de São Paulo. Junior precisa dormir no sofá, porque seu quarto está alugado para uma estudante de música, Bruna (Sandy Leah, como ela prefere ser chamada nos trabalhos como atriz).

Junior começa a desenterrar dentro de casa objetos de sua infância ao lado do irmão, que foi internado num sanatório, e da mãe já morta, que gostava de mexer com ocultismo. Pouco a pouco, ele começa a perder a sanidade mental, assustando o pai e levando Bruna junto com ele.

“Quando Eu Era Vivo” é um exemplo raro de filme de horror, ou um suspense psicológico com toques de terror, dentro do cinema brasileiro. Segura a tensão do começo ao fim, desvendando aos poucos um mistério macabro de arrepiar os cabelos. A sugestão de eventos sinistros dentro de um apartamento lembra o clima de “O Bebê de Rosemary”, de Polanski. Na sessão em Tiradentes, o público riu em alguns momentos que deveriam ser tensos, mas o horror cresce até desembocar numa cena final grotesca e muito surpreendente – houve fortes aplausos ao final.

Para quem está acostumado com lado angelical de Sandy, é mais que divertido vê-la flertar com o lado negro da Força. Mas o show é mesmo de Marat Descartes (ator de “Trabalhar Cansa” e “Os Inquilinos”), que dá aos poucos a medida da loucura de seu personagem. Fagundes, que não fazia cinema desde a comédia “A Mulher do meu Amigo” (2008), faz um grande retorno às telas.

Vale a pena deixar os filmes do Oscar de lado e conferir “Quando Eu Era Vivo” a partir da próxima sexta. O ano está só começando, mas não é loucura dizer que é desde já um dos melhores filmes brasileiros de 2014.