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José Padilha critica cobertura da morte do cinegrafista Santiago Andrade

Maria Martha Bruno

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/02/2014 16h26

O cineasta José Padilha ("Tropa de Elite") criticou nesta terça-feira (18), durante mesa-redonda com jornalistas para falar sobre "Robocop", a cobertura midiática da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. "Esta cobertura foi politizada de uma maneira que não reflete o bom jornalismo. Isso gerou artigos de diferentes pessoas, como Duvivier (Gregório Duvivier, humorista da Porta dos Fundos), Caetano (Veloso, cantor). As pessoas começaram a reclamar da cobertura", disse.

A afirmação foi feita enquanto o cineasta comentava o papel em seu novo longa-metragem, refilmagem do clássico policial "Robocop" (1987), de Paul Verhoeven. No filme de Padilha, a crítica corporativa representada pelos comerciais no Robocop original foi substituída por um programa sensacionalista. "É difícil fazer uma sátira sobre a mídia de direita americana porque ela já é uma comédia. A gente precisa do Samuel L. Jackson para isso", afirmou o cineasta.

Ele disse ainda que este elemento já estava presente em "Tropa de Elite 2" porque, na verdade é algo que existe em todo o mundo. "Tem no Brasil, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Dinamarca", opinou Padilha.

O diretor disse nesta terça que descarta possibilidade de dirigir uma sequência de "Robocop". "Eu não pensei em uma franquia. É problema do próximo diretor. Eu não tenho isso no contrato com o estúdio", afirmou.

Ao lado de Joel Kinnaman (que interpreta o protagonista meio homem-meio máquina Alex Murphy) e Michael Keaton (Raymond Sellars, CEO da empresa que desenvolve Robocop), Padilha definiu o filme como essencialmente político. Ele admitiu que a proposta é difícil de ser realizada em um estúdio grande como a MGM:

"O nosso filme é bem diferente. Temos um vilão que não é um vilão. Eu não quis fazer uma vilania caricatural. Eu queria fazer que o personagem oposto ao Robocop fosse inteligente e tivesse bons argumentos. Todos os argumentos sobre o uso de drones nas guerras são válidos. Isso já é estranho para um filme em Hollywood. Além disso, o personagem principal só aparece 11 minutos após o inicio do filme. E ainda temos um personagem que critica a mídia americana (vivido por Samuel L. Jackson)".