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Conheça Joel Kinnaman, ator que veste a armadura do Robocop de Padilha

Roberto Sadovski

Do UOL, em São Paulo

20/02/2014 10h53

A admiração de Joel Kinnaman por "Robocop", o clássico da ficção científica que Paul Verhoeven dirigiu em 1987, não era exatamente muito saudável. "Eu devo ter visto o filme umas 20, 25 vezes", contou o ator, que tinha oito anos de idade na época do lançamento. "Tudo que eu queria ser era Robocop, tudo o que eu falava era Robocop. Minha mãe considerou seriamente me levar a um terapeuta".

Eis que, quase três décadas depois, Kinnaman terminou vivendo seu sonho de criança: na refilmagem da ficção científica de Verhoeven, agora com a assinatura do brasileiro José Padilha, ele é Alex Murphy, o policial que, à beira da morte, é colocado em um corpo robótico.

As lembranças da infância ficaram para trás no set do filme de Padilha. "Não queria ser aquele Robocop. Não queria fazer o que Peter Weller fez", aponta. "Eu venho do teatro, então interpretar um personagem que já foi feito por outros atores não é novidade. Ainda assim, mantive um ou outro gesto que Weller fazia como Robocop, como virar a cabeça antes dos ombros para mudar de direção. Foi a minha homenagem".

Trabalhar com José Padilha em um caminho novo para o ciborgue que patrulha uma Detroit assolada por crime e corrupção foi um dos grandes atrativos para o ator. "Geralmente eu não sou atraído por remakes. Mas o que José queria fazer, o comentário sobre a militarização e a consequente desumanização de uma força policial, chamou minha atenção. E eu vi 'Tropa de Elite'. Quando ele me chamou, eu me senti honrado".

Início da carreira

Joel Kinnaman começou a carreira em 2002 em sua Suécia natal. Nascido em Estocolmo, filho de uma sueca e de um norte-americano, ele começou a chamar atenção do público de sua terra em 2009, quando protagonizou o drama romântico "I Skuggan Av Värmen" (que em inglês foi lançado como "In Your Vains").

A série de ação "Johan Falk" (em que ele tinha um papel recorrente) o levou ao thriller "Easy Money", campeão de bilheteria na Suécia em 2010. Kinnaman achou que era hora de expandir seus horizontes, e fez sua estreia no cinema ianque com a ficção científica "A Hora Mais Escura", em 2011.

Quando os produtores da série "The Killing" procuravam um rosto novo para o papel do detetive Stephen Holder, que investiga o assassinato de uma jovem numa cidadezinha americana, Joel Kinnaman foi o escolhido. "O mais bacana de fazer uma série é a certeza de ter um emprego", brinca o ator. "Geralmente o contrato é assinado para seis temporadas. Ninguém sabe se vai passar da primeira, e 'The Killing' será encerrada agora, na quarta." 

Embora atualmente a TV seja terreno fértil para a dramaturgia, o ator admite que seu temperamento se encaixa melhor na estrutura do cinema. "Eu sou ansioso. Sei que na TV o desenvolvimento de um arco dramático é mais completo, mas gosto da urgência do cinema". E o cinema veio devagar. 

A chance no cinema

Kinnaman fez um papel pequeno em "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres" ("Acho que estou em cena por dez segundos, mas David Fincher deve ter me pedido ao menos duas dúzias de takes diferentes"); antagonizou Denzel Washington e Ryal Reynolds em "Protegendo o Inimigo", e ganhou mais destaque no nada visto "Lola Versus", ao lado de Greta Gerwig. Logo depois, voltou para casa.

O sucesso enorme de "Easy Money" logo pediu uma continuação --assim como seu personagem em Johan Falk, que seria retomado em 2012. "Eu não queria voltar para o esquema de filmes na Suécia", revela. "Mas eu pensei que, se ficasse em Los Angeles, pelo menos dez amigos meus ficariam sem trabalho." O convite de Padilha para 'Robocop' selou sua volta para Hollywood.

Namorado da atriz Olivia Munn (de "Magic Mike"), Joel Kinnaman tem mais dois filmes agendados para 2014. "Run All Night" é mais uma ação com Liam Neeson, ao estilo de "Desconhecido" e "Sem Escalas", os três do mesmo diretor, Jaume Collet-Serra. Já "Knight of Cups" é um drama de Terrence Malick em que Kinnaman divide a cena com Christian Bale, Natalie Portman, Cate Blanchett  e Antonio Banderas.

E ainda pode surgir mais "Robocop" no horizonte. "Meu contrato é para três filmes", explica. "A partir daqui tudo depende do estúdio. Mas ainda não pensei em como seria o próximo capítulo na vida de Alex Murphy."

A série original seguiu o filme de Paul Verhoeven com duas continuações inferiores no cinema, duas séries picaretas na TV, animações e histórias em quadrinhos. "Uma coisa é certa", conclui. "A vida que ele tinha acabou. Não existe final feliz para Murphy." Ver que caminho ele pode seguir deve ser uma jornada interessante --o que vale tanto para "Robocop" quanto para Joel Kinnaman.