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Para viver líder do tráfico, Cauã Reymond disse ter ouvido funk proibidão

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

11/03/2014 09h02

Chefe do tráfico no filme "Alemão", Cauã Reymond revelou ao UOL que o funk foi essencial para construir o papel do vilão Playboy. "Ouvi muito proibidão. Me ajudou a entrar no linguajar do personagem, ter acesso a quase um dialeto, se você não domina, te distancia". O thriller de suspense e ação, dirigido por José Eduardo Belmonte ("A Concepção", "Billi Pig"), estreia na próxima sexta-feira nos cinemas brasileiros.

O filme conta a história de cinco policiais infiltrados no complexo de favelas prestes a ser invadido por militares, e remonta ao episódio da pacificação no Complexo do Alemão, em 2010. Cansado de viver mocinhos, Reymond disse que preferia viver um "mauzinho". O ator que, inicialmente, iria interpretar um dos policiais infiltrados disse que se instigou mais a encarnar um líder do tráfico, apesar de ser uma participação especial.

"Quando li o roteiro, me interessei imediatamente pelo Playboy e perguntei quem iria fazer. Saí de 'Avenida Brasil' [novela a Globo] já querendo dar um basta nos mocinhos. Vim do Jesuíno ['Cordel Encantado'] e Jorginho ['Avenida Brasil']. Quando soube que o ator não ia mais fazer [o Playboy], me ofereci para o papel". Cauã também vai protagonizar um policial na nova série da TV Globo, "O Caçador", de José Alvarenga e co-direção de Heitor Dhalia.

"Artisticamente me deu tesão. Depois de um tempo você tem que se concentrar no seu desejo, e eu desejava fazer algo diferente. Percebi que iria mergulhar num universo que não era o do herói. Nunca tinha feito antes, fiz um pitboy no começo da minha carreira em 'Ódiquê?' [de Felipe Joffily], em 2004. Dentro do universo de cinema, eu não faço nenhum mocinho".

Encontro com ex-traficantes

Para viver Playboy, um líder fictício do movimento no complexo de favelas, Cauã contou que se preparou durante dois meses. Ele aprendeu jargões do meio, conheceu favelas e ainda transitou entre pessoas que haviam integrado o tráfico de drogas. "Fiz várias inserções nas comunidades com auxílio dos atores que iam contracenar comigo. Conversei com pessoas que fizeram parte do tráfico e perguntei aquelas coisas básicas, como é matar, como é traficar. Entendi a hierarquia do tráfico de drogas, falei com pessoas que presenciaram e passaram por situações muito trágicas".

Cauã disse que o funk proibidão também foi um bom exercício para aprender o modo de falar e que pôde amadurecer o olhar ao entender o ponto de vista do tráfico, da comunidade e ainda dos policiais. O ator definiu sua fase profissional como "muito boa" após ter feito sucesso na minissérie "Amores Roubados", como Leandro, e bem antes como Jorginho em "Avenida Brasil".

Em "Alemão", o ator também atua como produtor-associado do filme e, no segundo semestre, estreia na cinebiografia "Tim Maia", de Mauro Lima, mais uma vez nas duas funções. Ainda neste ano, começa as filmagens de "Língua Seca", de Homero Olivetto, em que vive um par romântico com Nanda Costa.

Questionado se prefere se aventurar como produtor, Cauã disse que "uma coisa não modifica a outra". "Como produtor, você tem um lugar um pouco mais ativo, e como ator você fica numa posição mais passiva esperando os bons projetos chegarem. E eu sou muito inquieto para isso".

O ator garantiu não ter preconceito em abraçar projetos cinematográficos de baixo orçamento, a exemplo de "Alemão", que foi filmado em 18 dias. "Não tenho problema nenhum com baixo orçamento. Uma das coisas pelas quais sempre escolho fazer os filmes 'de baixo' é porque a novela fala com o grande público e o filme já fala com um nichos pequenos que muito me interessam".

Cauã já aguarda pela sequência de "Alemão". "Existem tantas possibilidades. Espero que a gente possa dar continuidade a um processo tão bacana, com mais tempo para filmar e um orçamento melhor para o segundo filme. Espero que nosso sonho vire realidade".