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Contratado para seis filmes, Evans se vê nos conflitos do Capitão América

Cleide Clock

De Manhattan Beach (Califórnia, EUA)*

10/04/2014 05h00

Direto dos anos 1940 para os dias de hoje. Esse é um dos conflitos que Steve Rogers tem de passar em "Capitão América 2: O Soldado Invernal": se adaptar a nossa época. A sensação de solidão, de estar deslocado no tempo e até a tecnologia atual mostram uma briga interna do personagem que ainda vai encontrar lutas maiores pela frente, como ter que brigar com alguém que já fez parte de sua vida.

"O Capitão América está sempre querendo fazer a coisa certa, e às vezes fica até difícil saber o que é o certo", diz Chris Evans num encontro com jornalistas durante as gravações nos estúdios Marvel.

"Eu consigo me ver um pouco no meu personagem: acho que há essa obrigação de termos de fazer a coisa certa. Ele vê essa responsabilidade de uma maneira estranha e intensa demais. Mas, também tenho esse conflito. Sou um ator, não vou achar a cura do câncer, mas há uma expectativa de que nós sempre façamos tudo corretamente", diz o ator, que ainda tem contrato para viver o personagem em outras três produções, de um total de seis.

"É difícil achar um equilíbrio e saber até onde eu posso cometer um erro. Acho que se eu fosse um ator há trinta anos,não teria tantos conflitos internos. O que é certo? O que devo de explicação? Nosso compromisso com a sociedade é muito maior hoje", relata ele, entre uma gravação e outra.

O filme "Os Vingadores" já havia mostrado em cenas curtas um pouco do deslocamento temporal de Steve Rogers. "O Soldado Invernal" foca nessa tentativa de adaptação no herói ao mundo contemporâneo, com direito inclusive a drones e vazamento de informações, o que faz com que a história tenha uma pegada bem atual, apesar de ser inspirada nos suspenses políticos dos anos 1970.

"Em 'Os Vingadores', nós temos tantos personagens que você realmente não pode gastar muito tempo com ninguém. Nesse filme, você começa a ver um pouco mais de uma batalha interna de Rogers. Ele é um cara tão altruísta, é difícil vê-lo em conflito, ele não deixa transparecer. Isso é apenas parte de sua natureza, por isso é bom vê-lo nessa batalha consigo mesmo", completa Evans. Mas por outro lado, Evans diz que adoraria ver seu personagem cometer erros, para parecer mais humano.

Realismo
A cena que os jornalistas foram convidados a assistir se passa dentro de um carro, onde estão o Capitão América, o Falcão (Anthony Mackie), e a Viúva Negra (Scarlett Johansson). "Essa é a continuação de uma sequência que gravamos numa rodovia de Cleveland. Durante duas semanas paramos o trânsito na cidade e o pessoal não ficou muito feliz com a gente", explica Anthony Russo, que dirige o filme com seu irmão, Joe, comentando que realmente só fez em estúdio pouquíssimas cenas e não quis usar muitos efeitos especiais.

"O nível de realismo é importante para nós. Poderíamos ter construído um pequeno trecho de estrada em um estúdio, mas resolvemos fazer tudo em um local real e assim você pode sentir as acrobacias e explosões acontecendo de verdade", completa Joe.

Os diretores contam que apostaram no realismo psicológico e nos laços emocionais, já que os fãs conhecem a trajetória do Capitão América. "É muito raro encontrar um vilão com tantas conexões emocionais com o herói, isso nos atraiu e deixa a história mais obscura", lembra Joe. Ele também garante que há um grande fato deste filme que vai afetar a história de "Os Vingadores 2" e de todas as sequências do universo Marvel, inclusive "Capitão América 3", que os próprios irmãos Russo vão dirigir, com lançamento programado para 2016.

Mais heróis
Quem se junta ao universo Marvel nesse filme é Anthony Mackie no papel de Falcão/Sam Wilson. Ele é um soldado veterano que conhece Rogers em Washington. "Acho que minha geração cresceu sendo fã do Capitão América. Não tanto por causa de como ele é como super-herói, mas por aquilo que representava. Mais do que o Superman ou Batman ou qualquer outra pessoa, é um cara totalmente americano que luta por aquilo que acredita e tem orgulho de seu país", diz o ator, que se diverte com o fato de ter asas e poder voar.

"Quero derrotar o Homem de Ferro, esse é meu objetivo. Não sei porque ele, acho que porque ele também voa", brinca Mackie.

Mais ação
Além de conflitos, os atores prometem que vai ser possível ver muito mais ação na tela, com lutas e combates num nível totalmente novo.

"Por isso tive mais treinamento desta vez, ensaiei muita coreografia. Não é apenas aprender os movimentos, tem que atuar, fazer de conta que foi atingido, mostrar dor. É tudo ao mesmo tempo", conta Evans.

Ele jura que apenas levanta peso e não deixa de comer nada que gosta para ter os músculos do Capitão. Mas, o ator que está com 32 anos, admite que a idade deve ajudá-lo, por enquanto: "Não sei se será assim em um futuro próximo. Ninguém sabe quando essa saga pode terminar. 2017, 2018? Não sei", conta Evans, a quem a Marvel propôs um contrato de nove filmes, mas que acabou fechando em "apenas" seis.

* A jornalista viajou a convite da Disney