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"The Captive", thriller com Ryan Reynolds, tem recepção gelada em Cannes

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes (França)

16/05/2014 11h56

Até agora, as estrelas de Hollywood não têm dado sorte em Cannes. Depois das vaias a “Grace – A Princesa de Mônaco”, com Nicole Kidman, nesta sexta foi a vez de “The Captive”, um thriller sobre sequestro de crianças e pedofilia estrelado por Ryan Reynolds (“Lanterna Verde”), ter uma recepção gelada e receber até algumas vaias na sessão de imprensa.

Em “The Captive”, Reynolds vive o pai de uma menina de dez anos, Cassandra, que é sequestrada em circunstâncias misteriosas. Um dia, depois da patinação da menina, ele para rapidamente numa lanchonete de beira de estrada para comprar uma torta para jantar. Ao voltar ao carro, a menina não está mais lá. A polícia e até a mãe chegam a suspeitar dele. Oito anos se passam, e alguns indícios levam a crer que Cassandra ainda está viva.

O roteiro tem alguns furos grandes – Rosario Dawson (de “Sin City”), que vive a policial-chefe do grupo que investiga o desaparecimento de crianças, é sequestrada por uma estranha logo depois de fazer um discurso num jantar em sua homenagem sem que ninguém perceba. A jovem Cassandra, agora com 18 anos, parece se entender bem demais com o sequestrador no cativeiro e nunca lamentar o que lhe aconteceu.

Mas “The Captive” não é um filme sem qualidades. O elenco, que ainda inclui Scott Speedman (o bonitão Ben da série “Felicity”), está muito bem, e Reynolds, conhecido por sua canastrice, aqui mostra uma boa evolução como ator. O diretor, o canadense Atom Egoyan (de “O Doce Amanhã”), segura bem a tensão e constrói algumas belas sequências, interessado como sempre nos temas da perda da inocência e da latente fragilidade humana.

Trailer de "The Captive"

O filme, contudo, deve decepcionar os fãs de thrillers mais sombrios como “O Silêncio dos Inocentes”, ou mais violentos, como “Seven”. “The Captive” ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

Reynolds contou que uma de suas inspirações foi o próprio irmão, que trabalha num Serviço de Proteção à Vítima no Canadá. “Descobri que essas tragédias não unem os casais, e sim os separam. A própria esperança é um sentimento que às vezes pode fortalecer a união, mas também pode separá-los”.

Ele disse que se apaixonou pelo roteiro, entre outras coisas, por trazer um vilão realista. “Já recebi várias propostas pra fazer vilões em Hollywood e recusei. Hollywood tende a estereotipá-los. E já ouvi coisas absurdas de maus diretores, do tipo: ‘não pisque’. Como se consegue isso?”, brincou.

Egoyan falou um pouco das origens do projeto e das pesquisas pra ele. “No Canadá, há uma história famosa de um garoto que desapareceu dessa maneira. Por todo lugar que eu andava, eu via pôsters com a foto dele. No processo, uma das coisas que os policiais não podem fazer é usar crianças. Mas ao mesmo tempo, sem isso, não há como entrar no universo dos raptores”, explicou.