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Em reforma, novo Cine Belas Artes corre contra tempo para reabrir portas

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

16/07/2014 14h22Atualizada em 17/07/2014 19h24

A três dias da reabertura oficial do Cine Belas Artes de São Paulo, há um clima parecido com aquele que se viu dias antes da Copa do Mundo no Brasil: nada está totalmente pronto, mas o administrador do espaço, André Sturm, garante que vai dar tudo certo. "Estamos num momento Sarajevo no Belas Artes, mas sábado estaremos prontos para abrir. Podem ficar tranquilos".

Entre marteladas e forte cheiro de cola, o UOL visitou na manhã desta quarta-feira (16) o espaço, que encerrou as atividades em 17 de março de 2011, após perda de patrocínio e aumento do valor do aluguel do imóvel. Cerca de 90 operários ainda trabalhavam no local para concluir a reforma, que custou mais de R$ 7 milhões provenientes de iniciativas privadas. 

A corrida contra o tempo, segundo Sturm, visa aproveitar os turistas remanescentes da Copa, que ainda estão pela cidade, e as últimas semanas das férias de julho. Além disso, Bárbara, filha de Sturm e também responsável pela reinauguração, vai se casar na próxima semana. "Não queria atrapalhá-la". 

Estrutura

No dia da abertura do Cine Belas Artes para o público, marcada para as 16h de sábado (19), apenas três salas estarão funcionando: 2, 3 e 4. A sala 1 reabre no domingo e as outras duas, sediadas no subsolo do espaço, vão começar a operar somente em 15 dias.

As seis salas do espaço terão projetores digitais, mas três delas contarão com projetores de 35 mm. "Queremos continuar passando clássicos em película. Digital é muito bacana, mas quem é cinéfilo vai poder ouvir o barulhinho do projetor e ver os risquinhos na tela", disse Sturm, acrescentando que há intenção de criar uma minicinemateca para que "bons filmes sejam garantidos na programação".

Para o público em geral, as mudanças poderão ser vistas a partir da entrada, que mudou o antigo vermelho para a cor azul --única alteração permitida, já que a fachada foi tombada em 2012 como patrimônio de São Paulo. O saguão ganhou espelhos e uma iluminação especial, criada pelo arquiteto Roberto Loeb. "Quisemos preservar o clima de cinema, mas com um ar mais moderno", disse Bárbara. 

As salas permanecem com os mesmos tamanhos, disposições e antigos nomes, que referenciam artistas consagrados no Brasil: Villa-Lobos, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, SP Cine Aleijadinho, Mário de Andrade e Carmen Miranda.

Novos detalhes, no entanto, podem ser vistos a cada canto. Na escada que dá acesso às salas superiores, foi restaurado o mármore das paredes que estava oculto sob a fórmica. O prédio contará ainda com dois painéis, um em homenagem ao cineasta espanhol Luís Buñuel e outro ao expressionismo alemão. Perto da entrada, ainda haverá um terceiro mural em agradecimento ao público que tanto pediu a volta do Belas Artes.  

A SP Cine Aleijadinho tem uma parceria com a agência que fomenta o audiovisual em São Paulo e será exclusiva para a exibição de filmes nacionais. A sala também dividirá espaço com as mostras promovidas pela Caixa Cultural. A Caixa Econômica Federal aparece como o principal patrocinador do Belas Artes com um investimento inicial de R$ 1,8 milhão. O convênio com a Caixa, que também garante a mudança do nome do cinema para Caixa Belas Artes, será inicialmente de cinco anos. 

Programação

A programação do primeiro final de semana terá títulos especiais para a reinauguração do espaço. "Medos Privados em Lugares Públicos", de Alain Resnais, voltará a ser exibido --o drama francês já é considerado uma espécie de "patrimônio" do Belas Artes por ter permanecido por três anos em cartaz. "É para as pessoas pensarem que o cinema nunca esteve fechado", disse Sturm. 

Entre as pré-estreias estão programados o grego "Miss Violence", de Alexander Avranas; o francês "Amar, Beber e Cantar", filme inédito de Alain Resnais; e o japonês "Norwegian Wood: Como nas Canções dos Beatles", de Tran Anh Hung.

Futuro e volta do Noitão
Em alguns meses, uma das salas passará por uma nova reforma para ficar com a cara dos 'drive-in' clássicos dos anos 1950. O espaço abrigarás mesas de apoio e sofás para as pessoas irem em turma e poderem consumir cervejas, sorvetes e lanches no local. A iniciativa é fruto de outra parceria. Dessa vez com o bar Riviera, que fica em frente ao cinema, na Rua da Consolação. 

Outra boa notícia é a volta do Noitão marcada para agosto. No passado, eram exibidos de três a cinco filmes em alguma sexta-feira do mês. A mostra sempre contava com um filme-surpresa e, no final, era servido o tradicional café da manhã. 

O Belas Artes também volta trabalhando com ingressos 20% mais baixos que de outros cinemas da região. A inteira será R$ 20. Atualmente, o ingresso mais caro da região, do Reserva Cultural, custa R$ 28 nos fins de semana, enquanto o mais barato, do Cine Livraria Cultura e do Espaço Itaú Augusta, custa R$ 24. Itens da bombonière, como pipoca e refrigerante, também serão mais baratos que os praticados em outros cinemas. 

Cine Caixa Belas Artes
Quando:
reinauguração dia 19 de julho, às 15h30
Onde: Rua da Consolação, 2423, Consolação
Quanto: Dia de estreia: R$ 5
Demais dias: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia, para estudantes, correntistas do banco Caixa Econômica Federal, melhor idade)
Venda dos ingressos: na bilheteria (cartões de débito: todos; não aceita cartão de crédito ou cheque) ou pelo site www.ingresso.com.br
Mais informaçõeswww.caixabelasartes.com.br ou (11) 2894 5781