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Dubladora de "Aviões 2", Tatá Werneck diz que é viciada em filmes de heróis

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

16/07/2014 05h00

O receio de quem entrevista Tatá Werneck pela primeira vez é de que será impossível fazer com que ela responda todas as perguntas sem que a conversa fuja do controle e vire um show de humor e improviso. Porém, apesar de ela não conseguir ficar mais de um minuto sem fazer graça, dá para perceber que a preocupação da atriz com o trabalho e com o que diz é tão grande quanto a sua espontaneidade. "Quem não entrar nessa brincadeira de que hoje todo o mundo se zoa está fora", diz.

O encontro entre o UOL Cinema e Tatá aconteceu em São Paulo, no escritório da Disney, por conta do seu primeiro trabalho de dublagem, dando voz ao avião-tanque Dipper, em "Aviões 2", que estreia no dia 17 de julho no Brasil. 

Apesar de sua desenvoltura, Tatá se recusou  a fazer vozes de outros personagens famosos da Disney a pedido da reportagem, dizendo-se tímida. "Assim, num sofá, com pessoas me olhando?", questionou. Mas, fora isso, deu respostas a todas as perguntas, sempre com uma frase espontânea, às vezes nonsense, no início.

Depois de alguns minutos de entrevista e muitas piadas, que abordaram de Rivotril a animações infantis, a atriz se revelou viciada em filmes de super-heróis e perguntou: "Isso não é ao vivo, não, né?". Também pediu: "Vocês editam isso, né? Pelo amor de Deus". Abaixo, os principais trechos da entrevista. 

UOL: Você teve que fazer uma personagem ansiosa. Como se consegue isso usando somente a voz, na dublagem?
Tatá Werneck: Rivotril, meu anjo...Não, brincadeira. O nome disso é Jesus! Não...É muito difícil passar qualquer coisa através da voz. É uma ferramenta que eu uso, mas uso mais o corpo, caras e bocas, mas contei muito com a ajuda de outros dubladores que fazem isso há anos.

Todo filme da Disney tem uma lição. Qual é a desse filme?
Não ponha fogo nos prédios! Brincadeira. Superação. Não se deixe abater pelo seus limites e você sempre consegue mais se você sonhar. Isso sempre soa clichê e é a mais pura verdade. Em vários momentos, assim como Dusty, pensei em desistir, mas, se você perseverar e tiver determinação, consegue.

Já pensou em desistir, Tatá?
Minha filha, todo dia... Você nunca pensou, não? Lógico. Já Pensei. Nossa vida é sempre muito vulnerável, e a gente lida com um material muito humano. A gente se entrega muito. E o artista gosta disso também, né? Diz que vai desistir e pinta um quadro.

Qual é sua relação com o cinema? Você gosta de ir ao cinema?
Amo. Sabe que, depois dessa rotina doida, eu consigo ir muito pouco ao cinema. Teatro e cinema são minhas grandes paixões. Estou em vários filmes, um deles é com a Ingrid Guimarães, chamado "Loucas para Casar", que estreia em dezembro. Eu amo essa coisa do produto inteiro, que você pode estudar, trabalhar, viver aquilo intensamente. A TV é muito maneira, mas talvez é um tempo incontrolável, em que você não consiga trabalhar tanto.

Como lidar com coisas irritantes do cinema, tipo conversas paralelas e luz do celular?
Dá uma gravata, pega o pescoço e... Não. Eu normalmente faço um "shhh" e coloco a culpa no senhor do lado, sabe? Mas não dá. É horrível quando a pessoa comenta: "Sabia que ele era o assassino".

Você curte filmes cults?
Adoro. "O Encouraçado Potemkin", "A Greve"... Mas meu grande vício são filmes de herói. Não sei se te falaram, mas eu sou um menino. Em "Batman", eu choro e, quando vejo "X-Men", quero passar as garras em todo o mundo.

Monty Python ou Trapalhões?
Não diz isso, meu anjo, eu trabalho na emissora... Mas são amores diferentes. É igual quando você pergunta para sua mãe: "Você gosta de mim ou do meu irmão?". "Trapalhões" é atemporal. E não existe quem não tenha sido fã e Monty Python. Tem aquele negócio de tocar no proibido, que eu acho muito engraçado.

Pensando agora na sua trajetória, você nunca teve medo do ridículo. Como você ajuda a transformar o ridículo e a zoeira em uma regra num lugar tão formal como a Rede Globo?
Acho que isso não passa pelo racional. Eu achava que poucas pessoas entendiam o que eu queria dizer. Achei que eu fosse entrar na Globo e que seria a mesma coisa. Quando as pessoas começaram a falar e a entender a Valdirene [personagem da novela "Amor à Vida"], eu fiquei muito feliz. Tenho um pouco de medo de perder esse lugar de falar coisas que as pessoas normalmente não falariam, mas, quando eu vejo, ai meu Deus, eu já disse aquilo.

Mas isso não foi só com a Valdirene. Outro dia você estava no "Caldeirão do Huck" zoando as repórteres da Globo durante a Copa.
A gente sabe que agora as pessoas fazem a própria programação e só veem o que querem. Quem não entrar nessa brincadeira de que hoje todo o mundo se zoa e tudo é muito às claras está fora.