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"Sangue Azul" deixa plateia siderada com Daniel de Oliveira e incesto

"Sangue Azul", de Lírio Ferreira, tem ator Daniel de Oliveira em busca de amor impossível em Noronha - Divulgação
'Sangue Azul', de Lírio Ferreira, tem ator Daniel de Oliveira em busca de amor impossível em Noronha Imagem: Divulgação

Tiago Dias

Do UOL, em Paulínia (SP)

26/07/2014 17h21

"Sangue Azul", novo filme do pernambucano Lírio Ferreira, deixou a plateia siderada em sua primeira exibição na noite sexta-feira (25) no Festival de Paulínia. 

Com imagens exuberantes e a história de um amor proibido, contado como uma fábula lírica, divido em capítulos, o filme foi dedicado ao dramaturgo Ariano Suassuna, morto no última quarta-feira (23). "Nós tínhamos nossas brigas, mas que sempre preservou o Brasil na sua essência", disse Lírio, antes da exibição.
 
O cinema de Lírio, sempre de encontro com a natureza selvagem dos cenários e dos próprios personagens, desta vez, fala de incesto e do retorno ao lar -- tema caro ao cineasta, desde "Árido Movie". 
 
O filme abre com o personagem de Daniel de Oliveira, Pedro, um ilhéu que deixou Fernando de Noronha para viver como homem-bala em um circo itinerante comandando pelo ilusionista Kaleb (Paulo César Pereio). A volta ao lar traz à tona, como um vulcão, recordações e uma paixão da infância. 
 
A ilha vulcânica serve como elemento fantástico na narrativa. "Imaginando o cinema como um road movie, em uma estrada pavimentada, prefiro pegar um caminhãozinho e passar pelo barro. Gosto de me perder nas minhas aventuras", explica Lírio, sobre o processo de filmagem. "Não sei como os caboclos baixam, mas eles baixam". 
 
Uma dessas "entidades" recebidas por Lírio vem do mar. O mergulho é metáfora na vida de Pedro e rende uma das cenas mais marcantes do cinema brasileiro: Um balé aquático filmado com Daniel e a atriz Carolina Abras. 
 
E Daniel de Oliveira veio a Paulínia acompanhado da nova namorada, a atriz Sophie Charlotte. Ela ficou ao lado do ator durante a exibição do filme e assistiu atentamente à coletiva do longa, neste sábado. 
 
Com um personagem sexualizado, Daniel aparece em muitas cenas de sexo, mas o ator garantiu que não houve nenhum embaraço para filmá-las. "Era como tomar um banho de sol". 
 
"Senti, em outros filmes que eu fiz, um pouco esse peso das cenas de sexo. Mas com o Lírio é tudo muito sutil e natural". 
 
A poesia do longa embeveceu alguns espectadores. No debate sobre o filme, na manhã deste sábado, um jovem de 14 anos e outra de 57 fizeram reflexões sobre a paixão exercida na direção. A atriz Sandra Corveloni, mãe ganhadora da Palma de Ouro de melhor atriz em Cannes, pelo filme "Linha de Passe" em 2008. "Estou emocionada com sua observação", disse, pausadamente, para o mais novo. "Caíram todas as fichas agora na minha cabeça da força do filme e de todo trabalho que tivemos".