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Troféu de melhor comédia, diretor elogia inclusão do gênero no GP de Cinema

Renato Damião

Do UOL, no Rio

27/08/2014 12h50

Levou 13 anos para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro criar uma categoria destinada apenas aos filmes de comédia. Na edição deste ano da premiação, que aconteceu nesta terça-feira (26) no Theatro Municipal do Rio, o filme que inaugurou o troféu foi "Cine Holliúdy", de Halder Gomes, vencedor tanto pela escolha dos jurados quanto pelo voto popular.

"Acho muito bem vinda uma categoria só para os filmes de comédia e acho que já devia ter vindo há mais tempo. A comédia é um gênero consolidado no Brasil e que revelou grandes nomes como Grande Otelo, Oscarito, Renato Aragão. Essas pessoas já mereciam uma categoria. A comédia é o gênero com o qual o brasileiro se identifica mais", disse Gomes ao UOL.

O cineasta afastou o rótulo de que a comédia "é uma arte menor". "É muito difícil fazer comédia. Você pode chorar pelos mesmos motivos, mas não ri pelos mesmos motivos. Fazer rir é algo complexo", pontuou o diretor, que já pensa em uma sequência para "Cine Holliúdy", o filme "mais assistido de todos os tempos do Ceará", segundo ele.

Para Edmilson Filho, protagonista da comédia, a bilheteria gerada com os filmes do gênero é fator que não pode ser deixado de lado pela indústria, mas afirmou que ainda há certo preconceito. "Há um preconceito revestido, ninguém afirma mas tem".

Quanto aos detratores, que julgam as comédias produzidas no Brasil unicamente como forma de ganhar dinheiro, Edmilson acredita que se trata do "business do cinema". "A comédia tem feito sucesso, então é normal que o distribuidor tenha interesse nela, mas se daqui a um tempo for o filme de terror ou de guerra, esses filmes também ganharão maior investimento".

"O mundo está ansiando por mais leveza, e talvez isso faça com que as comédias tenham mais vez. Quanto a quem está lucrando, acho que o que importa é que o público está se dando bem com essa produção. A pretensão de fazer rir está sendo alcançada", prosseguiu Fabiana Karla, que atuou em "O Palhaço", de Selton Mello.

Grande homenageado da noite e considerado o precursor da comédia romântica na cinematografia brasileira, Domingos de Oliveira defendeu, contudo, que "todo tipo de cinema" deve existir, seja comédia, drama ou animação. "O cinema de mercado tem que permitir a existência do cinema útil, aquele que transforma vidas".