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Com Fagundes no elenco, "Curto Circuito" era o próximo filme de Carvana

Ator Antonio Fagundes - Claudio Andrade/Foto Rio News
Ator Antonio Fagundes Imagem: Claudio Andrade/Foto Rio News

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

05/10/2014 11h59

"Curto Circuito" era o nome do próximo projeto de cinema que Hugo Carvana, 77 anos, estava se debruçando antes de internar-se no Pró-Cardíaco há cerca de uma semana. Hugo Carvana morreu no final da manhã de sábado (4), no Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, por complicações causada por um câncer no pulmão.

As informações foram obtidas pela reportagem do UOL com a família do cineasta durante o velório que acontece neste domingo (5), no Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Há três anos Carvana estava no processo de elaboração do roteiro. A comédia contava a história de um homem que enlouquecia no trânsito do Rio de Janeiro. O papel principal havia sido originalmente pensado para José Wilker.

“O personagem do filme foi pensado para o Wilker, mas quando faleceu [José Wilker], ele ficou arrasado e teve que readaptar o roteiro”, disse ao UOL, a filha caçula Rita. Em seguida, o papel do protagonista foi elaborado para Antônio Fagundes que, segundo a família, já havia concordado e assinado o contrato. “Ele já tinha chamado o Fagundes para fazer o papel principal com a Andrea Beltrão e o Paulo Betti há alguns meses”, confirmou Rita.

Em conversa com o UOL, o ator Paulo Betti relembrou o desejo de Carvana. "A última vez que nos vimos foi há uns dois meses no supermercado. Falamos do novo filme que ele queria fazer, falamos da morte do Wilker, do desejo que o Fagundes [Antonio] substituísse o Wilker no filme e pediu que eu levasse o recado para o Fagundes". Betti ainda disse que quando soube que iria interpretar o jornalista fofoqueiro Téo Pereira, pensou em como Hugo o faria. "Eu era fã dele."

Carvana inclusive já havia fechado contratos e patrocínio para o longa. “O dinheiro estava parado esperando para ser rodado. Meu pai sempre quando lançava um filme, já tinha escrito outro. As ideias não acabavam nunca. O dia que ele fosse embora a gente tinha certeza que seria filmando, dirigindo ou pre-produzindo”, comentou.

Os quatro filhos ainda estão pensando em dar continuidade ao projeto do pai. “Ele era um cineasta tão autoral, a gente está com as nossa vidas em suspenso. A gente o deixou descansar em paz no hospital com a família em volta”, admitiu a filha.

Carioca, nascido em Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio, Hugo Carvana de Holanda começou sua carreira artística aos 18 anos fazendo figuração para um filme. Depois disso fez 22 chanchadas. 
 
Em 1954, foi fazer teatro. Encenou "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, em 1958, e mais tarde , "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes e "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues, da companhia do Teatro Nacional de Comédia, TNC. 
 
Ainda nos anos 50, participou do Cinema Novo, estreando com Ruy Guerra, em "Os Cafajestes", e depois trabalhando com Cacá Diegues e Glauber Rocha 
 
Carvana tornou-se conhecido do grande público atuando em novelas na televisão. Foi Daniel Filho quem o convidou para seu primeiro trabalho, "Anastácia, a Mulher sem Destino" (1967). de Janete Clair.
 
Foi no cinema que Carvana foi mais reconhecido com o primeiro filme que ele dirigiu, "Vai Trabalhar, Vagabundo", de 1973. Com o longa, ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Filme, no Festival de Gramado. 
 
De 1962 a 2013, foram 681 atuações no cinema. Entre elas, "Bravo Guerreiro", de Gustavo Dahl; "A Grande Cidade", "Os Herdeiros", "Quando o Carnaval Chegar" e "Deus é Brasileiro", de Cacá Diegues; "Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos; "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade e Pindorama e "Toda Nudez Será Castigada", de Arnaldo Jabor. O último foi em "Giovanni Improtta", de 2013.