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Advogado da Sony diz que "A Entrevista" será distribuído e alfineta Obama

Do UOL, em São Paulo

21/12/2014 17h55

O advogado da Sony, David Boies, disse ao programa norte-americano “Meet The Press” deste domingo (21) que o filme “A Entrevista”, que retrata em tom de comédia o assassinato do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, será distribuído e apenas teve o lançamento adiado. A estreia do longa nos Estados Unidos, que ocorreria no Natal, foi cancelado após um grupo ameaçar atacar os cinemas que exibissem a produção.

“A Sony apenas adiou isso. A Sony está lutando para que esse filme seja distribuído. Ele será distribuído. Como será distribuído, acho que ninguém sabe ainda. Mas será distribuído. A Sony tem tentado trazer este filme para o público. Mas, ao mesmo tempo, [o estúdio] tem que ter certeza que os direitos de seus funcionários e do público estarão protegidos”, afirmou Boies. Neste domingo, o site The Wrap publicou que a Sony irá perder os US$ 90 milhões que investiu no filme se não o lançar.

As ameaças e o ciberataque aos sistemas da Sony, que expôs vários dados do estúdio, são um problema “de segurança nacional”, disse o advogado. “Acho que nós temos que reconhecer que este não é um problema de segurança da Sony, é um problema de segurança nacional. O FBI tem sido maravilhoso nisso. Agora, o resto do governo deve ir atrás disso e descobrir como podemos proteger nossa segurança nacional. Porque isso é uma ameaça à segurança nacional. Acho que o presidente está começando a reconhecer isso e acho que isso é uma coisa boa. Mas precisamos de ações depois das palavras”.

Boies ainda comentou as declarações do presidente norte-americano, Barack Obama, sobre o caso e disse que gostaria que elas não tivessem “culpado a vítima”. “Acho que foi útil o presidente reconhecer que esse ataque é inaceitável, e que não podemos ter ataques patrocinados por um Estado querendo censurar o que fazemos neste país. Eu gostaria de ter visto isso um pouco antes. E gostaria de tê-lo visto sem esse aspecto ‘culpe a vítima’. Mas acho que agora nós estamos nos unindo como país e reconhecendo a ameaça, acho que isso é positivo”, afirmou.

Em pronunciamento na última sexta, Obama disse que a Sony errou ao cancelar o lançamento de "A Entrevista”. "A Sony é uma corporação que sofreu significantes perdas, sou simpático a suas preocupações. Mas acho que eles cometeram um erro. Eu gostaria que eles tivessem falado comigo antes. Eu teria dito que eles não fossem por esse caminho e que não se intimidassem por esses ataques criminosos”.

Entenda o caso

Contando a história de dois civis que são enviados à Coreia do Norte para matar o ditador Kim Jong-un, "A Entrevista" gerou críticas do governo norte-coreano desde seu anúncio, e sua estreia foi cancelada na última quarta-feira, após ameaças de ataques terroristas aos cinemas que exibissem o longa. "A Sony Pictures não tem planos futuros de lançamento para o filme", disse o porta-voz do estúdio.

A estreia da comédia também está cancelada "até segunda ordem" no Brasil, de acordo com a assessoria de imprensa da Sony no país. O filme estava programado para estrear em circuito nacional no dia 29 de janeiro.

As ameaças partiram do mesmo grupo que realizou um ciberataque aos sistemas da Sony Pictures, expondo dados de funcionários da empresa e conversas sigilosas envolvendo grandes nomes da indústria cinematográfica de Hollywood.

Na sexta, depois do anúncio do cancelamento da estreia, os hackers fizeram novas ameaças, exigindo que o filme jamais seja "lançado, distribuído ou vazado em qualquer formato como, por exemplo, DVD ou pirataria".

Por conta do caso, a Fox divulgou também que não irá lançar em março, como previsto, o longa "Pyongyang", do diretor Gore Verbinski, estrelado por Steve Carell. Baseado na graphic novel de Guy Delisle, o suspense retrata experiências de um ocidental que trabalha na Coreia do Norte por um ano.

FBI responsabiliza Coreia do Norte por ataque

O FBI, órgão federal de investigação dos Estados Unidos, anunciou na sexta-feira que a Coreia do Norte foi responsável pelo ataque hacker à Sony Pictures.

"Como resultado da nossa investigação e em colaboração com outros departamentos e agências do governo, o FBI agora tem informações suficientes para concluir que o governo da Coreia do Norte é responsável por essas ações", disse a agência em comunicado. "Estes atos de intimidação são um comportamento inaceitável de um Estado", acrescentou o texto.

O país asiático negou o envolvimento no caso e chegou a propor uma investigação conjunta no sábado, mas Washington manteve a posição. "Se o governo da Coreia do Norte quer ajudar, têm que admitir sua culpabilidade e compensar a Sony pelos danos que este ataque causou", indicou em declarações à Agência Efe, Mark Stroh, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.