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Obama impõe novas sanções à Coreia do Norte após ataque a Sony

2.jan.2015 - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, toma uma raspadinha na ilha Snow, em Kailua, no Havaí; ele emitiu de lá as sanções contra a Coreia do Norte - Gary Cameron/Reuters
2.jan.2015 - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, toma uma raspadinha na ilha Snow, em Kailua, no Havaí; ele emitiu de lá as sanções contra a Coreia do Norte Imagem: Gary Cameron/Reuters

Do UOL, em São Paulo

02/01/2015 19h39

O presidente Barack Obama emitiu novas sanções contra a Coreia do Norte em resposta aos ataques cibernéticos em massa contra os estúdios Sony Pictures.

Obama emitiu uma ordem executiva nesta sexta-feira (2) que autoriza o Tesouro a impor sanções adicionais em retaliação a "ações provocativas, desestabilizadoras, repressivas e políticas em curso, particularmente o seu ataque cibernético destrutivo e coercitivo sobre a Sony Pictures Entertainment", disse um comunicado da Casa Branca.
 
"Levamos a sério o ataque da Coreia do Norte, que teve como objetivo criar efeitos financeiros destrutivos sobre uma empresa dos EUA e ameaçar artistas e outros indivíduos com o objetivo de restringir o seu direito à liberdade de expressão", acrescentou o comunicado, reproduzido em parte pela revista "Variety".
 
A ordem executiva autoriza sanções contra o governo da Coreia do Norte e contra o Partido dos Trabalhadores do país, disse o Departamento do Tesouro em um comunicado. Ele acrescenta que as sanções em vigor contra a Coreia do Norte eliminam o acesso ao setor financeiro os EUA por dez pessoas e três entidades governamentais identificadas como agentes fundamentais no ataque, que começou em 24 de novembro.
 
 
Os ataques à Sony começaram devido ao iminente lançamento do filme "A Entrevista", uma comédia que retrata o assassinato do líder norte-coreano Kim Jong-un. O grupo de hackers que praticou a invasão e revelou documentos sigilosos, salários de artistas e executivos e até mesmo intrigas entre executivos e artistas, exigiu que o lançamento do longa, dirigido e estrelado por James Franco e Seth Rogen, fosse cancelado. Caso os estúdios não cumprissem a determinação, os invasores ameaçaram praticar ataques terroristas "no estilo 11 de setembro" a cinemas que exibissem o filme.
 
No dia 24 de dezembro, no entanto, a Sony decidiu lançar o material em video on demand e em cinemas independentes, após o presidente Obama dizer em discurso na Casa Branca que cancelar o filme foi um "erro".
"Como o presidente disse, a nossa resposta ao ataque da Coreia do Norte contra a Sony Pictures Entertainment será proporcional, e acontecerá em tempo e de uma forma à nossa escolha", disse a Casa Branca. "As ações de hoje são o primeiro aspecto da nossa resposta."
 
O secretário do Tesouro Jacob Lew disse que as sanções são impulsionadas pelo fato de o governo americano perceber a Coreia do Norte como responsável por uma "conduta destrutiva e desestabilizadora".
 
"Mesmo que o FBI continue sua investigação sobre o ataque cibernético contra a Sony Pictures Entertainment, estes passos ressaltam que vamos empregar um amplo conjunto de ferramentas para defender empresas e cidadãos americanos e para responder às tentativas de minar os nossos valores ou ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos", disse Lew em um comunicado à imprensa.
 
As agências que sofrerão as sanções são a Agência de Inteligência Geral Reconnaissance e duas empresas identificadas como traficantes de armas pelo governo americano: a Korea Mining Development Trading Corporation e a Korea Tangun Trading Corporation.
 
Obama também emitiu uma carta aos líderes do Congresso, dizendo que a pirataria da Coreia do Norte violou quatro resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Ele disse que o ciberataque representou "uma constante ameaça para a segurança nacional, política externa e economia dos Estados Unidos."
 
Obama emitiu a ordem do Havaí, onde está de férias com sua família.
 
"A ordem não é direcionada para as pessoas da Coreia do Norte, mas destina-se ao governo da Coreia do Norte e suas atividades que ameaçam os Estados Unidos e outros", disse ele na carta.
 
Além disso, o governo norte-americano sancionou dez funcionários do governo norte-coreano que terão congelados o patrimônio que possam ter sob jurisdição dos EUA, além de proibi-los de entrar em território americano.
 
Os sancionados são o funcionário norte-coreano Yu Kwang-Ho; os encarregados dos interesses da Komid no sul da África, Kil Jong-Hun e Kim Kwang-Yon; o representante dessa entidade na Rússia, Jang Song-Chol; e dois encarregados dessa empresa no Irã, Kim Yong-Chol e Jang Yong-Son.
 
Também foram sancionados o funcionário para Assuntos Externos da Komid, Kim Kyu-is; dois representantes da Komid na Síria, Ryu Jin e Kang Ryong; e um representante em Shenyang (China) da Corporação de Comércio Tangun da Coreia, Kim Kwang-Chun, segundo o Tesouro.
 
Autoria controversa
 
O FBI afirma que o ataque foi arquitetado pelo governo do ditador, mas a empresa Norse Corp --que oferece serviços de inteligência contra hackers a seus clientes--, diz ter chegado a uma ex-funcionária com “extenso conhecimento” da rede e das operações da Sony. A empresa diz que sua investigação é independente do FBI e da apuração interna do estúdio.
 
O vice-presidente da Norse, Kurt Stammberger, disse que meia dúzia de suspeitos teve “envolvimento direto” com o ataque hacker, em ações que foram coordenadas com uso do conhecimento de uma ex-empregada do estúdio. Em uma declaração inicial, ele identificou essa antiga funcionária apenas como “Lena” e sugeriu que ela tenha ligações com o grupo de hackers autointitulado Guardiães da Paz. 
 
“Essa mulher estava precisamente na posição ideal e tinha o profundo conhecimento técnico de que precisava para localizar os servidores específicos que foram comprometidos”, contou Stammberger ao telejornal “CBS News”.
 
Tais declarações fizeram com que, nesta quarta-feira, o FBI reiterasse sua conclusão de que o ataque hacker seja norte-coreano. “O FBI concluiu que o governo da Coreia do Norte é responsável pelo roubo de dados da rede da Sony Pictures Entertainment”, declarou a agência de inteligência dos EUA, relembrando suas descobertas iniciais. O órgão avisa que a investigação está em curso.
 
Novo ataque
 
O grupo de hackers que atacaram a Sony Pictures, que se autointitula Guardiães da Paz, expandiram suas ameaças para uma organização de notícias norte-americana, de acordo com uma nota do FBI. Assim que a notícia foi divulgada, a imprensa americana começou imediatamente a identificar a CNN como o novo alvo.
As suspeitas caíram sobre o canal de notícias após a emissora e o apresentador Wolf Blitzer terem sido especificamente insultados em documentos do grupo. Tais papeis foram descobertos no site de compartilhamento de arquivos Pastebin. 
 
Em memorando do FBI, os hackers se referem à Sony como "USPER1" e ao novo alvo, que seria a CNN, como "USPER2". As informações são do site de notícias "The Wrap", especializado no mundo do entretenimento.
 
Como o site relatou anteriormente, a empresa proprietária da CNN, a Turner Broadcasting, mandou seus funcionários alterarem suas senhas de trabalho antes do Natal, influenciada pelos fatos ocorridos com a Sony.