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Número de mulheres à frente de blockbusters cai 2% em 17 anos, diz estudo

Ava DuVernay, de "Selma", primeira diretora negra a ser indicada ao Globo de Ouro - Getty Images
Ava DuVernay, de "Selma", primeira diretora negra a ser indicada ao Globo de Ouro Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/01/2015 11h08

O Globo de Ouro deste ano foi apontado como um dos mais feministas de todos os tempos. Tina Fey e Amy Poehler deixaram de lado piadas machistas, tão comuns nesse tipo de evento, para brincar com o caso Bill Cosby, humorista acusado de estupro, tirar sarro de George Clooney por ter uma mulher mais importante que ele, entre outras coisas.

Apesar desse avanço em uma das premiações mais importantes de Hollywood, uma pesquisa apontou que o número de diretoras à frente das 250 maiores bilheterias caiu 2% em 17 anos. Feito pela Universidade de San Diego, o estudo apontou que, entre os filmes com maior arrecadação, apenas 7% são dirigidos por mulheres. E isso não é apenas na direção, atrás das câmeras também continua sendo um ambiente dominado pelo homens. 

O próprio Globo de Ouro mostrou isso com uma única indicação a uma mulher na direção. Ava Duvernay concorria pelo filme "Selma", mas perdeu para Richard Linklater, à frente de "Boyhood". 

As mulheres são melhor representadas na produção (23%), produção executiva (18%), roteiro (11%) e fotografia (5%). Ainda que o número de produtoras executivas e fotógrafas tenha aumentado, a porcentagem de roteiristas, editoras e produtoras caiu.

Para obter os resultados, o Centro analisou 2.822 empregos. Constatou-se que 38% dos filmes não oferecem trabalho a mulheres ou apenas a uma, 23% empregam até duas mulheres, 29% empregam de 3 a 5 mulheres, 7% empregam de 6 a 9 mulheres e apenas 3% empregam de 10 a 14 mulheres.

Pela primeira vez, a pesquisa se debruçou sobre os departamentos de música e efeitos sonoros. E os resultados foram ruins. As mulheres representam apenas 1% dos compositores e 5% de todos os designers de som.

"É notável ainda estarmos nos níveis de 1998", diz Martha Lauzen, autora do estudo. "O que quer que esteja sendo feito para isso não está funcionando e temos de procurar soluções para toda a indústria", disse ela. "Não é que as mulheres não queiram seguir carreira no cinema".

Lauzen ainda afirmou que os jornalistas rotineiramente questionam as grandes executivas, Amy Pascal (Sony) e Donna Langley (Universal), sobre a falta de oportunidades para as mulheres no cinema, mas o mesmo não é feito em relação aos poderosos da indústria. "É visto como sendo um problema de mulher, mas eu não acho que esse seja o caso. Por que não perguntar aos homens responsáveis, porque eles são tão responsáveis, para trabalharmos juntos e corrigirmos isso?".