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Clooney compara casamento a cinema: "Escolher pessoa certa é chave de tudo"

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Beverly Hills (EUA)

14/01/2015 06h00

O americano que lutou ao lado de Fidel Castro na revolução cubana. O hacking maciço da Sony e o esquema de escuta dos tabloides de Murdoch. A perda geral de privacidade. Mas, sobretudo, as festas de fim de ano com os sogros: tudo isso estava na cabeça de George Clooney uma semana antes de subir ao palco do International Ballroom do hotel Beverly Hilton para receber seu troféu Cecil B.de Mille por conjunto de obra e trabalho humanitário durante a festa do Globo de Ouro.

Num coquetel fechado promovido pelos votantes dos globos no restaurante Craig’s, em West Hollywood – o atual point da indústria de entretenimento – Clooney bebeu tequila Hornitos com gelo e conversou à vontade sobre a vida de casado e seus planos para o futuro.

UOL - Parabéns por tudo, Sr. Clooney. Como vai a vida de casado?
George Clooney - (Amplo sorriso) Vai bem, vai muito bem.

Se você soubesse que era assim tão bom não tinha considerado a hipótese mais cedo?
Ah…. Mas tinha que ser com a pessoa certa. É igual cinema, na escolha das pessoas que vão participar do projeto está a chave de tudo.

Como foram suas festas?
Foram ótimas, tranquilas. Juntamos a família toda em Cabo San Lucas (NR: México). Meu pai (o radialista e âncora de TV Nick Clooney) veio e os pais de Amal também. Foi minha primeira temporada de férias com sogros! Papai e eu somos muito unidos, é uma benção poder passar um tempo com ele sem preocupações, sem trabalho. Ele está com quase 80 anos, em ótima saúde, mas sabemos como esses momentos são preciosos.

E que tal os sogros?
São pessoas extraordinárias. É ótimo ter por perto gente que não é do meio de entretenimento (A mãe de Amal, Bariaa, é editora internacional do jornal árabe "Al-Hayat"; o pai, Ramzi, é professor de administração de empresas). É muito bom conversar e ver o mundo com outros pontos de vista.

Podemos falar de trabalho?
Claro!

"Hack Attack" vai mesmo ser seu próximo filme como diretor?
Sim. Mas sei que vai demorar um pouco para tudo clicar. O tema, é claro, está mais que atual  ("Hack Attack" se baseia no livro do mesmo nome que documenta a série de abusos contra a privacidade cometidos por tabloides do grupo de Rupert Murdoch). O interessante é que todo mundo leva para o lado da fofoca, das celebridades que tiveram sua privacidade invadida, mas é muito mais que isso… e é o “muito mais” que me interessa.

O que nos leva ao ataque contra a Sony, e sua postura de solidariedade com os funcionários que tiveram e ainda têm suas vidas pessoais invadidas e, em muitos casos, destroçadas.
Exatamente. Tentei criar uma frente unida de apoio, mas… fiquei falando sozinho, não é? Porque todo mundo estava com medo, será que vou ser o próximo? Sabe o que me deixa fora do normal? Que, mais uma vez, o que mais se falou, se publicou, se comentou, foram as fofocas. Quem disse o que de quem. Quem fez isso e aquilo. E no entanto os problemas são tão maiores, são problemas de estrutura, de governança, das escolhas que fazemos como sociedade, das liberdades e direitos que conseguimos. São os mesmos temas de "Hack Attack", do modo como estamos desenvolvendo o projeto.

E já que falamos de novos projetos: você adquiriu os direitos da história de vida de William Morgan, o americano que lutou na revolução cubana. Como anda esse projeto?
É uma história incrível, não é? O sujeito era um zé-mané, um picareta, vivia de dar golpes, virou artista de circo e, em algum momento, teve uma crise ou coisa parecida e acabou nas serras de Cuba lutando ao lado de Fidel e Che Guevara. Aí suspeitaram que ele era agente da CIA ao mesmo tempo em que ele era investigado pela CIA… ele foi parar na Republica Dominicana… Adoro histórias assim, tão absurdas que só podem ser verdadeiras.

Você pensa em fazer o papel de Morgan?
Não… Estou velho demais. Estou conversando com Matt (Damon) para isso. Ele seria perfeito. Podemos filmar com ele mais gordinho o início da história e depois dar uma parada para ele entrar em forma para a parte da revolução. É o que eu disse, um filme é uma coisa muito delicada, a escolha das pessoas certas define o que ele pode ser, o que ele vai ser. Adoro essa história, quero que tudo seja perfeito.

E o que você tem feito recentemente como trabalho?
Conversando muito com uma tela verde (ele ri muito). Estamos acabando "Tomorrowland", dirigido pelo Brad Bird, que fez "O Gigante de Ferro", "Os Incríveis", "Ratatouille". Pessoa ótima. Mas o filme é cheio de efeitos digitais. Então eu falo muito com uma tela verde… confesso que ainda estou aprendendo…