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"Nunca vi jogarem dinheiro no chão", diz Erasmo sobre cena de "Tim Maia"

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

14/01/2015 18h41

A polêmica cena do filme “Tim Maia” em que Roberto Carlos esnoba o “Síndico” nos bastidores de um show, excluída pela Globo na versão adaptada para a TV, trata-se, provavelmente, apenas de uma decisão artística do diretor Mauro Lima. Uma forma de dar ainda mais tempero a já atribulada relação entre os ex-colegas da banda The Sputniks. A opinião é do cantor Erasmo Carlos, que conviveu com Tim na infância, no bairro carioca da Tijuca, e, anos depois, chegou a acompanhá-lo fazendo backing vocal, quando integrava o grupo beat The Snakes.
 
“Não vi o que aconteceu, porque não estava presente na hora. Quem pode saber mesmo são só o Roberto e Tim, que está morto. Mas eu nunca vi na minha vida nenhuma equipe de nenhum artista fazer uma coisa parecida com o que o cara faz no filme”, diz Erasmo por telefone ao UOL, descrevendo o momento em que Roberto pede a um assistente que dê dinheiro a um Tim ainda na pindaíba, nos anos 1960, antes de conseguir se lançar como cantor.

Na cena, as notas são amassadas e jogas rispidamente no chão. Antes disso, Tim ainda é recebido com desdém, ganhado botas usadas das mãos de Roberto Carlos. Toda essa passagem do filme foi limada pela Rede Globo, que preferiu mostrar um depoimento do próprio Roberto, contratado da emissora, elogiando o amigo e exultando como ele, o Rei, foi importante para o sucesso de Tim. Clique aqui e veja a cena completa.

Para Erasmo, a estratégia da Globo de, em nome do didatismo, cortar cenas e inserir depoimentos à história, incluindo o dele, o de Roberto e o de Caetano Veloso, simplesmente não funcionou.

“Cortaram muita coisa que eu falei, bicho. Não achei que acrescentou nada, não. Preferia ter visto o filme todo. Tive que ver o filme no dia seguinte, pra saber como era. Falei pra caramba. Contei um monte de caso da minha história com o Tim, que é só minha e dele”, diz o “Tremendão”, que diz ter sido pego de surpresa após a entrevista.

“Eles me convidaram para dar um depoimento sobre um especial do Tim Maia. Fiz isso que me pediram. Mas eu não sabia que seria usado no filme, que iriam editar o filme em cima dele.”

O eterno parceiro de Roberto Carlos, no entanto, não ficou na bronca por seu personagem, a exemplo de vários outros, ter sido ignorado na trama, inspirada no livro “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, de Nelson Motta.

“Eu fui amigo do Tim na infância. E o filme não aborda muito essa parte. Cheguei a gravar música dele, o levei para gravadora, mas nossa história juntos na música é pequena. Nunca participei de grupo com ele. Quando criei o meu Snakes, a gente cantava com o Roberto e também com o Tim. Logicamente, a história do vocal que o acompanhava não tem uma relevância tão grande na trajetória.”

32 Comentários

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CLOSE_TO_THE_EDGE

O ultimo disco do Erasmo se chama Rock and Roll e ele saiu em turnê com banda. E o Roberto Clone de si mesmo? Faz 30 anos que anda na mesmice com aqueles arranjos chatos de doer feitos pelo Eduardo Lages. RC, pede pra sair

Napsteriano

Tim Maia e Erasmo tinham talento e criatividade. Roberto Carlos era o cantor das massas, um cantor brega, especialista em corno-music, em dor-de-cotovelo. As mais belas canções foram compostas pelo Erasmo, Roberto Carlos só sabia fazer músicas para as gordinhas e 'eu sou o cara' e lixos afins. Se não fosse a globo, a ditadura e o talento do Erasmo, Roberto Carlos não seria diferente de um Jessé, de um Márcio Greick ou como exemplo mais recente, um Daniel da vida.

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