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"Cantar foi aterrorizante", conta Cameron Diaz sobre papel em "Annie"

Mariana Pasini

Do UOL, em Barcelona

12/02/2015 06h30

Recém-chegada ao clube das estrelas de Hollywood com mais de 40 anos, Cameron Diaz atualmente pode se dar ao luxo de escolher o que quer fazer. Marcada pela beleza e por personagens cômicos durante toda sua carreira, a atriz é sincera ao revelar, em encontro promovido pela Sony Pictures em Barcelona, que pensa antes em si mesma do que no público ao selecionar papéis.

“Sempre faço filmes para mim, porque sou eu que tenho que ir e fazê-lo, todos os dias, 12 horas por dia, durante dois, três, seis meses", diz ela.

Mas existe também outra motivação para Cameron entrar em um set de filmagens. A atriz precisa se sentir desafiada e, se estiver com medo, melhor ainda. "Há filmes nos quais penso ‘não acho que consiga fazê-lo’. Então agora eu tenho que fazê-lo”, conta.

Foi esse o caso de “Annie”, musical que estreia nessa quinta-feira (12) no qual Cameron interpreta Hannigan, a malvada mãe adotiva da personagem-título, uma órfã que tenta sobreviver em meio às durezas da vida em Nova York. A produção conta ainda com Jamie Foxx interpretando um candidato político que quer se promover ao adotar a menina temporariamente, e Rose Byrne, como sua assistente.

Com o papel de Hannigan, Diaz não só interpreta uma vilã como também explora um talento pelo qual não é tão conhecida. “Foi aterrorizante para mim cantar. Eu odeio cantar", diz. "Estar no alto de um prédio sem proteção é praticamente a coisa mais aterrorizante sobre a qual consigo pensar e, no mesmo nível, está cantar na frente de pessoas."

Diaz conta que a decisão pelo papel veio como uma espécie de desafio “auto induzido” justamente pelo fato de cantar nele. “Fiz porque tive que fazê-lo. Para me desafiar. Não fiz para que as pessoas pensassem: ‘Ei, olha que voz incrível que ela tem!’, porque eu realmente não tenho”, admite, rindo.

CAMERON DIAZ

  • Reprodução

    Sempre faço filmes para mim, porque sou eu que tenho que ir e fazê-lo, todos os dias, 12 horas por dia, durante dois, três, seis meses

    Cameron Diaz, sobre o critério de escolha de seus trabalhos
Segundo a atriz, devido à rotina de gravação de outros projetos, não houve muito tempo para um treino vocal intensivo, e sua voz agora está levemente melhor do que antes do início das gravações. “Não foi uma descoberta do tipo 'Oh, eu achava que não podia cantar mas na verdade tenho uma voz incrível’. Não, não, fui somente razoável”, revela.

Fama: maldição ou bênção?

Cameron elogia o trabalho do diretor Will Gluck em atualizar o musical, que estreou na década de 1970, adaptado dos quadrinhos. A atriz exemplifica essa repaginação do filme com o foco do drama vivido por sua personagem, que passou da solidão à fama perdida.

“Hannigan, no ‘Annie’ original, está machucada porque não tem um homem, é uma solteirona. Isso era a pior coisa que poderia acontecer a uma mulher. E qual é a pior coisa que pode acontecer às pessoas hoje, nesse mundo moderno? Que elas não sejam famosas”, diz ela, aos risos.

O papel de Diaz é, segundo a própria, o de uma mulher que vive de um “gostinho” da fama que teve no passado e a iludiu. “E ela tem que aceitar sua realidade: ela perdeu quem realmente é como um ser humano. Ela esteve vivendo nessa espécie de mundo de sonhos e é amarga, brava, e gastou a vida sendo assim. E embarca nessa jornada e aprende sobre si mesma, sobre o que tem que fazer e qual é sua perda.”

Ela própria nada alheia aos efeitos da fama, a atriz faz algumas reflexões sobre a sua própria realidade. Apesar de não concordar que ser famoso é indispensável para a felicidade, Cameron vê o fato de ser famosa como uma bênção.

“A fama vem com o fato de que eu consigo fazer algo que realmente amo. Sinto que o que faço na vida como uma atriz – fazer filmes, contar histórias e ser uma das poucas pessoas no mundo que consegue realizar isso – tudo isso é uma grande honra. Mesmo com todos os desafios, olho para isso com muita gratidão. É tudo parte da bênção”, afirma.