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Com efeitos de tirar o fôlego, "Insurgente" se distancia de "Jogos Vorazes"

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

19/03/2015 06h00

Lançado em 2014, o filme "Divergente" fez sucesso nos cinemas, mas foi considerado por muitos um clone empobrecido de "Jogos Vorazes". Já o novo filme da saga, "Insurgente", que chega aos cinemas nesta quinta (19) com ares de superprodução, se distancia da série protagonizada por Jennifer Lawrence.

Se no primeiro filme a protagonista Tris (Shailene Woodley) era uma adolescente insegura que aprendia a lidar com sua posição de "divergente" --no filme, pessoa que não possui características de apenas uma das castas apresentadas na história--, ela agora é uma líder rebelde segura de si. Caçada pelo governo central liderado por Jeanine (Kate Winslet), a jovem encabeça uma rebelião para derrubar o regime totalitário.

A própria Shailene Woodley parece mais madura em sua fase após "A Culpa é das Estrelas". Atuando em filmes de maior densidade, como a cinebiografia "Snowden", que deve ser lançada ainda em 2015, a atriz mostra hoje  posicionamento ativo em questões políticas. E, se muitas vezes o termo "personagem feminina forte" é utilizado para definir qualquer mulher boa de briga, em "Insurgente" ele de fato cabe de fato em Tris, que faz suas próprias escolhas, contrariando opiniões e arcando com as consequências.

O universo da série, porém, continua não fazendo muito sentido. A sociedade pós-apocalíptica que se formou nos destroços de Chicago se dividiu em castas que mais parecem panelinhas do colegial: Abnegação ("comunistas"), Amizade ("hippies"), Audácia ("atletas"), Erudição ("nerds") e Franqueza ("debatedores"). E, por algum motivo, quem não se enquadra em um desses nichos é uma ameaça para a sociedade e deve ser caçado e exterminado.

Trailer de "A Série Divergente - Insurgente"

Fora o tema da protagonista liderando uma rebelião, mesmo mote de "Jogos Vorazes", "Insurgente" traz alguns truques na manga que o diferenciam da série inspirada nos livros de Suzanne Collins. Há cenas em que a protagonista tem sonhos e alucinações, em que ela realiza acrobacias impossíveis, sem tornar a ação inverossímil. Algumas dessa sequências são de tirar o fôlego, como quando a casa de Tris sai voando, em chamas, e ela tenta salvar sua mãe.

As cenas de ação estão muito mais competentes em comparação com "Divergente", o que mostra que o orçamento turbinado do segundo filme, de US$ 110 milhões, foi bem aproveitado --o do primeiro foi de US$ 85 milhões. Fora isso, o longa original tinha um certo ar de "Malhação". Já "Insurgente" chega como uma superprodução atraente para um público mais amplo. Mesmo assim, é recomendável assistir a "Divergente" antes, ao menos para entender o funcionamento do sistema de castas e o porquê de os personagens estarem sendo caçados.

O filme traz boas atuações de Shailene Woodley e de Theo James, que vive o personagem Four, assim como o retorno de Jai Courtney, Mekhi Phifer, Ansel Elgort e Miles Teller. O último é hoje outro astro em ascensão, após sua atuação em "Whiplash". Naomi Watts completa o elenco como Evelyn, a misteriosa líder dos sem-facção, que pode tomar o papel de vilã da série.

"Insurgente" tem tudo para ampliar o sucesso do primeiro filme, que arrecadou cerca de US$ 290 milhões. O estúdio Lions Gate também já divulgou que vai seguir a estratégia de franquias jovens como "Crepúsculo" e "Jogos Vorazes" e dividir o terceiro livro da série, "Convergente", em duas partes, com previsões de lançamento para 2016 e 2017.