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Cinema Novo ganha mostra com novas cópias e filmes raros em São Paulo

Os atores Othon Bastos e Isabel Ribeiro em cena de "São Bernardo" (1971), de Leon Hirszman - Divulgação
Os atores Othon Bastos e Isabel Ribeiro em cena de "São Bernardo" (1971), de Leon Hirszman Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

20/04/2015 10h50

Um dos movimentos mais importantes da filmografia brasileira, o Cinema Novo ganhará na próxima semana mostra de filmes e exposição na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

Entre os 53 filmes - 35 longas-metragens e 18 curtas-metragens – que estarão na retrospectiva entre os dias 29 de abril e 7 de junho, diversos deles são raros. Será a primeira vez em que “Câncer” (1968/1972), de Glauber Rocha e “S. Bernardo” (1972), de Leon Hirszman serão exibidos nas versões originais, o primeiro em 16 mm e o segundo em 35mm.

Serão exibidas as novas cópias em 35mm de “Esse mundo é meu” (1964), de Sérgio Ricardo -- filme sem cópia de difusão há algumas décadas e com todas as matrizes deterioradas --, e “O bravo guerreiro” (1968), de Gustavo Dhal, produzida especialmente para esta mostra.

Filmes raros como “Gimba, presidente dos valentes” (1963), de Flávio Rangel, “Ganga Zumba” (1964), “A grande cidade” (1966) e “Os herdeiros” (1969), de Carlos Diegues, “O grito da terra” (1964), de Olney São Paulo, “Garota de Ipanema” (1967), de Leon Hirszman e “Memória de Helena” (1969), de David Neves, também serão exibidos com entrada gratuita.

A retrospectiva ainda apresenta alguns dos primeiros passos de cineastas ligados ao movimento: “Pátio” (1959), primeiro curta de Glauber Rocha, uma obra experimental interpretada por Helena Ignez; “O poeta do castelo” e “O mestre dos Apipucos” (1959), dois curtas de Joaquim Pedro de Andrade acerca do trabalho de Manoel Bandeira e Gilberto Freyre, respectivamente; “Arraial do Cabo” (1960), obra inaugural de Paulo César Saraceni, dirigido em parceria com o fotógrafo Mário Carneiro; os marcos do cinema baiano “Bahia de todos os santos” (1960), de Trigueirinho Neto, “A grande feira” (1961) e “Tocaia no asfalto” (1962), de Roberto Pires; o longa coletivo “Cinco vezes favela” (1962), com episódios de Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Carlos Diegues, Miguel Borges e Marcos Farias, uma das principais obras do período.

Cópias restauradas anteriormente pela Cinemateca, e ainda inéditas em São Paulo, de filmes como “Brasil ano 2000” (1969), de Walter Lima Jr., “Os cafajestes” (1962), de Ruy Guerra e “O padre e a moça” (1966), de Joaquim Pedro de Andrade completam a programação.

Processo criativo
Em paralelo à mostra, uma exposição pretende complementar a experiência movimento com diversos materiais referentes à produção destes filmes, como roteiros originais e storyboard.

Uma das raridades está nos registros do processo criativo das obras de cineastas como Glauber Rocha, Paulo César Saraceni, Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Gustavo Dahl, entre outros.

Cartas, reportagens de jornais nacionais e estrangeiros, certificados de censura, cartazes e fotografias dão a real noção da repercussão do movimento no Brasil e no exterior.

A Retrospectiva Cinema Novo terá entrada gratuita. A programação completa com datas e horários das sessões será anunciada ainda esta semana.