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Cachês milionários e sagas sem fim garantem pé de meia a atores da Marvel

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

23/04/2015 06h00

Com a estreia nesta quinta (23) de “Vingadores: Era de Ultron” e uma planilha de 21 filmes que devem ser lançados até 2019, o Universo Cinematográfico Marvel (ou MCU, na sigla em inglês) é um megaprojeto que desenvolve produtos audiovisuais com base em super-heróis e vilões de quadrinhos. Mas também pode ser visto como garantia de uma carreira sólida e bem-sucedida para os atores e atrizes escolhidos para dar vida aos personagens.

“A carreira de ator é uma coisa muito delicada”, diz ao UOL Chris Evans, que interpreta o Capitão América. “Estar no universo Marvel abriu muitas, muitas portas para mim. Portas que, eu sei, jamais estariam abertas de outro modo. Mas, ao mesmo tempo, somos artistas, somos criadores, temos que continuar criando, abrindo novos espaços. É um equilíbrio delicado. Mas sem o mundo Marvel eu teria muito menos opções”, admite o ator, que em 2013 também estrelou a ficção científica “Expresso do Amanhã”, do diretor coreano Joon-ho Bong, e dirigiu e atuou no independente “Before We Go” (2014).

Ruffalo

  • Divulgação

    É muito bom saber que em 2017, ou final de 2016, eu vou ter trabalho e terei um cheque cheio de números me aguardando. Eu nunca tive esse tipo de segurança na minha vida. É ótimo poder planejar meu futuro, dividir minha vida entre tempo de trabalho, tempo de lazer, tempo para a família.

    Mark Ruffalo, que interpreta Hulk

O modelo de imenso sucesso desses filmes, que tem à sua frente Kevin Feige, produtor e presidente dos Estúdios Marvel, e o diretor e roteirista Joss Whedon como consultor criativo, possui em sua fórmula personagens e tramas que funcionam isoladamente e em conjunto, o que acaba criando uma mitologia que pode ser explorada praticamente até o infinito.  Na definição de Feige, não é apenas o mesmo universo, mas a mesma história, contada em diversos ângulos, pontos de vista e épocas. Essa saga continuada faz com que cada uma das produções alavanque as demais.

Elenco que quase não muda
O elenco é sempre o mesmo, com raras exceções –antes de Mark Ruffalo dar vida a Hulk no primeiro “Os Vingadores” (2012), o gingante verde foi interpretado por Edward Norton em “O Incrível Hulk” (2008), e o Patriota de Ferro, que atualmente é vivido por Don Cheadle, já foi interpretado por Terrence Howard em “Homem de Ferro” (2008).  Isso porque o estúdio prefere manter a plateia fiel a um determinado ator, ainda que o elenco possa mudar ao longo do tempo.

Chris Evans, por exemplo, assinou um contrato para seis filmes como Capitão América, enquanto Sebastian Stan, que viveu Bucky Barnes/Soldado Invernal em “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011) e “Capitão América: O Soldado Invernal” (2014), fechou um contrato para nove filmes no papel. Isso pode significar tanto que ele pode vir a ser o novo Capitão depois de Evans, quanto que haverá participações do Soldado Invernal em outros filmes do MCU.

thor

  • Divulgação / Disney

    Atores sabem que todo o mundo pode ser substituído. É muito importante manter a humildade, especialmente quando se está vivendo um momento extraordinário como este. Um pouco de insegurança faz bem

    Chris Hemsworth, intérprete de Thor

A proposta de manter sempre o mesmo elenco já causou também disputas nos bastidores. Como a que, entre 2013 e 2014, envolveu o ator mais bem pago da Marvel, Robert Downey Jr. Depois de “Homem de Ferro 3”, o ator exigiu um salário maior para continuar vivendo Tony Stark/Homem de Ferro. Hoje, recebe entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões por filme, mais percentual dos lucros, e, em agosto de 2014, assinou contrato para mais dois filmes da Marvel –“Vingadores: Era de Ultron” e “Capitão América 3: A Guerra Civil” (2016). Depois disso, mais negociações devem ocorrer no futuro.

Contratos individuais
Com uma carreira que vai muito além do Universo Marvel,  Scarlett Johansson recebe em torno de US$ 4 milhões por filme para viver a personagem Viúva Negra (mais participação nos lucros), mas não assina contratos longos, apenas individualmente, título a título.

“É ótimo estar num filme popular, onde os personagens são interessantes, onde tudo é feito com atenção e cuidado, onde todo o mundo torce para dar certo”, diz Scarlett. “Nós, os atores, nem sempre temos esse luxo. E é muito bom saber que, graças à segurança que filmes assim nos dão, podemos fazer teatro, fazer filmes menores, independentes.”

evans

  • Divulgação

    A carreira de ator é uma coisa muito delicada. Estar no universo Marvel abriu muitas, muitas portas para mim. Portas que, eu sei, jamais estariam abertas de outro modo

    Chris Evans, que vive o Capitão América

Ator de carreira diversificada, Jeremy Renner também prefere assinar contratos individuais para ser o Gavião Arqueiro. Ele recebe um cachê semelhante ao de Scarlett. “É muito divertido fazer parte de um mundo fantástico como este, ainda mais porque as pessoas que administram esse mundo --a Marvel, Joss Whedon– são extremamente criativas e sérias”, diz Renner. “Mas é sempre bom manter as opções em aberto e exercitar talentos diferentes em projetos diferentes.”

Longo prazo
Os demais vingadores têm contratos de longo prazo com a Marvel, variando de seis filmes, caso de Chris Evans, Chris Hemsworth (Thor) e Mark Ruffalo, a nove títulos, como Samuel L. Jackson, que vive Nick Fury. Seus cachês variam sempre de US$ 2 milhões e US$ 4 milhões por filme, mais participação nos lucros.

“Esse trabalho é semelhante ao de estar numa série de TV de sucesso”, diz Ruffalo. “É muito bom saber que em 2017, ou final de 2016, eu vou ter trabalho e terei um cheque cheio de números me aguardando. Eu nunca tive esse tipo de segurança na minha vida. É ótimo poder planejar meu futuro, dividir minha vida entre tempo de trabalho, tempo de lazer, tempo para a família.”

Já Hemsworth, que tinha uma carreira de sucesso na Austrália antes de se tornar o Poderoso Thor em 2011, não concorda com o colega. “Eu não acho que tenho segurança de trabalho para a vida toda”, diz ele. “Atores sabem que todo o mundo pode ser substituído. É muito importante manter a humildade, especialmente quando se está vivendo um momento extraordinário como este. Um pouco de insegurança faz bem. O medo é sempre um bom motivador.”