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"Filmes não são verdadeiros", diz Halle Berry sobre racismo no cinema

Halle Berry durante o Makers Conference, em Los Angeles; segundo atriz, falta de negros no cinema é desoladora - Rich Fury/Invision/AP
Halle Berry durante o Makers Conference, em Los Angeles; segundo atriz, falta de negros no cinema é desoladora Imagem: Rich Fury/Invision/AP

Do UOL, em São Paulo

03/02/2016 16h39

Única negra a vencer o Oscar de melhor atriz principal, pelo filme "A Última Ceia" (2001), Halle Berry classificou como "desolador" o fato de nenhuma outra ter seguido seus passos.

Neste terça (2), durante o evento Makers Conference, em Los Angeles, ela relembrou o emotivo discurso que proferiu na entrega da estatueta, em 2002, quando dedicou o prêmio a "toda mulher sem nome, sem rosto e de cor", na esperança de que estivesse abrindo uma importante porta para mulheres negras.

"[Vencer o Oscar] Foi importante para mim, mas eu sabia naquele momento que era algo maior do que eu. Eu acreditei quando disse aquilo. Acreditei com todos os ossos do meu corpo que estaria incentivando a mudança", lamentou.

"Vir aqui quase 15 anos depois, e sabendo que outra mulher de cor não saiu por aquela porta, é de partir o coração. Porque naquele momento aquilo era maior do que eu. É devastador começar a pensar que talvez não fosse. E eu senti desesperadamente que era."

Halle Berry, Oscar de melhor atriz, homenageou artistas negros durante a entrega do prêmio em 2002 - AP Photo/Kevork Djansezian - AP Photo/Kevork Djansezian
Halle Berry, Oscar de melhor atriz, homenageou artistas negros durante a entrega do prêmio em 2002
Imagem: AP Photo/Kevork Djansezian
Segundo Barry, representando pouco as minorias raciais, Hollywood falha em retratar a realidade diversa dos Estados Unidos. "Como cineastas e atores, temos a responsabilidade de dizer a verdade. Acho que os filmes que saem Hollywood não são verdadeiros. Eles não mostram e o envolvimento e a participação de pessoas de cor em nossa cultura americana."

A polêmica sobre o racismo no Oscar começou no dia 14 de janeiro, após o anúncio dos indicados ao prêmio, que este ano, pela segunda vez consecutiva, não incluiu atores negros, latinos ou representantes de outras minorias raciais, fato que indignou parte da comunidade artística, levando nomes como o ator Will Smith e o diretor Spike Lee a boicotarem a premiação.

Com a grande repercussão do debate, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana, que organiza o Oscar, anunciou em seguida que duplicaria a presença de mulheres e representantes de minorias entre seus membros até 2020.