Topo

Diretor de filme de 8 h defende duração do longa: "Cinema é como poesia"

Do UOL, em São Paulo

19/02/2016 05h13

O diretor filipino Lav Diaz defendeu a duração de oito horas do seu filme e rejeitou ser rotulado como um criador de "cinema lento”. O seu longa, “Hele Sa Hiwagang Hapis”, foi exibido nesta quinta-feira (18) no Festival de Berlim em competição pelo prêmio Urso de Ouro do Festival.

"Estamos marcados como 'cinema lento', mas não é cinema lento, é cinema. Eu não sei por que toda vez que discutimos sobre cinema focamos na duração. Cinema é como poesia, assim como a música, como a pintura, é livre, quer se trate de uma tela pequena ou de uma tela grande. Então isso não deve ser imposto no cinema”, disse ele em entrevista coletiva após a exibição do filme no Festival.

O diretor aproveitou ainda para agradecer o Festival de Berlim por exibir as oito horas de filme. O longa começou a ser exibido às 9h30 desta quinta-feira e terminou pouco antes das 19h, com pausa de uma hora para almoço.

"O Festival nos deu liberdade. Eles não pediram para reduzir a duração do filme. Obrigado, Berlim”, disse ele.

“Hele Sa Hiwagang Hapis”, em tradução livre “Uma Canção de Ninar para o Mistério Doloroso”, narra a história de um grupo de mulheres que sai em uma floresta em busca dos líderes da revolução filipina contra os colonizadores espanhóis, no fim do século 19, que estão desaparecidos.

O filme tem duração semelhante a de alguns outros longas do passado, como "Satantango", do diretor húngaro Bela Tarr, que tinha cerca de sete horas de duração.

Segundo relato do repórter do UOL, que assistiu a exibição do filme no Festival de Berlim, algumas pessoas da plateia acabaram deixando a sala durante a sessão.