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Bruna Lombardi e Riccelli contam o que fariam se fossem prefeitos de SP

Leonardo Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

26/02/2016 06h01

São Paulo pode ter sido ignorada na série internacional “Cidades do Amor” (de “Rio, Eu Te Amo” e “Nova York, Eu Te Amo”), mas em "Amor em Sampa", novo filme do núcleo Carlos Alberto Riccelli, Bruna Lombardi e Kim Riccelli —filho do casal— que estreia nesta quinta (25), a metrópole está de volta ao primeiro plano.

Com direção de Riccelli e Kim, toques de musical e cenas em pontos turísticos da capital paulista, o longa traz cinco histórias paralelas de amor e trabalho, que se entrelaçam em meio às incertezas e belezas do caos urbano. No elenco, nomes como Rodrigo Lombardi, Eduardo Moscovis e Mariana Lima, que cantam pela primeira vez em cena.

“O filme fala de uma cidade, como muitos já falaram, mas é completamente diferente do ‘Eu Te amo’, que tem histórias estanques”, contrapõe ao UOL Bruna Lombardi, roteirista e uma das protagonistas do filme.

Na trama, ela vive uma poderosa e sensual mulher de negócios que se arrepende de ter deixado o maior amor da vida (o taxista Cosmo, interpretado por Riccelli). Em uma das cenas, chega a aparecer de corpo inteiro em uma sensual lingerie negra, seis meses após “quebrar” a internet posando da mesma forma para um foto postada no Facebook.

Comparações e ousadias à parte, a produção de “Amor em Sampa” converge sobre a mensagem do filme, descrita como otimista e universal: a mudança que todos pedem e esperam para São Paulo, e consequentemente para o país, depende das atitudes de cada um. Ou seja, todos devem levantar da cadeira e fazer alguma coisa pelo bem comum —de preferência sem ideologia ou partidarismo.

Aproveitando o gancho, o UOL devolveu o recado à “máfia Riccelli” —nas palavras bem-humoradas de Bruna—, que já chega ao quarto filme independente em família. O que eles fariam para melhorar São Paulo se fossem prefeitos por um dia?

Bruna Lombardi

Cena de "Amor em Sampa", dirigido por Carlos Alberto Riccelli e Kim Riccelli - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Tentaria mudar a enorme falta de planejamento e assistência que existem, algo que interfere diretamente na saúde. Não temos bons postos de saúde. Para mim, saúde e educação são os pilares de qualquer nação. Sem isso, você tem violência e desigualdade. Estamos num momento de expurgação de um monte de coisa, mas acredito que muita coisa já melhorou em São Paulo.

É muito bom ver a quantidade de movimentos maravilhosos que a cidade tem. São Paulo não pode ser uma cidade de confinamento. Se todos nós ganharmos as ruas, acho que será possível viver bem. Claro que só isso não vai erradicar a violência. Mas assim a cidade se expande, e você consegue viver sem medo."

Carlos Alberto Riccelli

Cena de "Amor em Sampa", dirigido por Carlos Alberto Riccelli e Kim Riccelli - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Seguramente, eu tentaria mudar radicalmente a questão dos carros. Tiraria mais carros ainda das ruas. Ainda há uma quantidade imensa hoje. Eu ando bastante de automóvel, mas a gente precisa mudar nossos hábitos. Claro que, pra isso, a gente precisaria de um transporte coletivo excelente.

Eu já noto hoje a tendência de as pessoas irem para as ruas. Temos um número grande de bicicletas, o que é excelente. É uma tendência no mundo inteiro, não só em São Paulo. Estamos todos repensando o lugar do automóvel. Ainda bem. A grande verdade é que, independentemente dos problemas, nós, paulistanos, gostamos muito daqui. Só precisamos agir mais."

Kim Riccelli

04.jul.2013 - O codiretor Kim Riccelli durante gravação do filme "Amor em Sampa", no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. - Leonardo Soares/UOL - Leonardo Soares/UOL
Imagem: Leonardo Soares/UOL

"Uma das primeiras coisas que eu faria seria despoluir os rios. Onde tem rio tem vida. O discurso do Mauro [publicitário vivido no filme por Rodrigo Lombardi, autor de uma campanha que propõe a reutilização do Tietê] foi escrito por nós três juntos. Tivemos a ideia de colocar grandes escorregadores nas margens dos rios, para fazer as pessoas verem e imaginarem seus filhos e netos um dia no futuro brincando ali.

Também incentivaria os “telhados verdes” dos prédios, uma tendência que vem tomando conta de tantos lugares, como Nova York. A vegetação ajuda a resolver um problema social, térmico e ainda embeleza a cidade, melhorando o ar. Trabalhando em coisas como essas, você poderia gerar várias outras ao mesmo tempo, em cadeia. Um grande círculo virtuoso."