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Selo de Cannes não ajudou diretor a financiar 2º curta, também selecionado

Cena do filme "A Moça Que Dançou Com o Diabo", de João Paulo Miranda Maria - Divulgação
Cena do filme "A Moça Que Dançou Com o Diabo", de João Paulo Miranda Maria Imagem: Divulgação

Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

13/04/2016 16h42

Um grande festival de cinema pode mudar a carreira de um diretor iniciante, mas nem sempre é assim. Selecionado para a competição de curtas-metragens do Festival de Cannes do ano passado, o diretor brasileiro João Paulo Miranda Maria ainda assim teve dificuldades para financiar seu novo curta que, ironia do destino, levará o cineasta novamente a Cannes.

"Olha, vou dizer uma coisa para você: não conseguimos patrocínio da esfera estadual. Tentamos crowdfunding também, mas não deu certo. No fim, tivemos que apelar novamente para a rifa, que já tinha dado certo ano passado", revela o diretor ao UOL, sobre como conseguiu fundos para fazer "A Moça Que Dançou Com o Diabo", que integra a seleção oficial de curtas-metragens do evento francês.

Com custo de R$ 500, o filme procura mostrar a mesma identidade regionalista de "Command Action", produção de 2015, que também foi feito com a venda de rifas entre a população de Rio Claro, no interior de São Paulo.

Mas a procura por financiamento ainda não acabou. "O grande problema é que precisamos finalizar o filme. Temos que seguir diversas normas do festival para entrar na competição, o que elevaria o custo entre R$ 8 mil e R$ 10 mil", diz João Paulo. "Agora vamos tentar algum patrocínio privado, de amigos, não sei ainda. Sem contar que tem todo o custo da viagem, porque ganhamos apenas um convite", completa.

O enredo do curta é baseado em uma lenda urbana regional sobre uma adolescente, cuja família conservadora e religiosa a impedia de sair de casa. Em uma noite, a garota foge para ir a uma festa. Ao chegar no local, o diabo está à espreita disfarçado como um homem de chapéu, e a convida para dançar.

"O que eu quis explorar nesse curta é a relação entre a moça e a família super religiosa em que ela vive. É um filme polêmico", conta o diretor. 

A 69ª edição do Festival de Cannes acontece na cidade do litoral francês entre os dias 11 e 22 de maio.