Diretor de "Aquarius" ganha troféu e precisa pagar quase R$ 1 mil; entenda
A alfândega brasileira está cobrando R$ 982 em impostos por um troféu cedido ao filme “Aquarius”. Às voltas da primeira exibição do filme no Brasil, nesta sexta-feira (19), em Recife, onde foi filmado, o diretor Kleber Mendonça Filho reclamou da taxa. “É um valor simbólico, cultural, e está parado na alfândega. Isso já tinha acontecido antes, mas nunca com um troféu”, disse, por telefone, ao UOL.
O troféu é referente ao principal prêmio do Festival de Cinema de Sydney, na Austrália, cedido em unanimidade pela “declaração convincente e relevante sobre o Brasil contemporâneo e o poder de um indivíduo que defende o que acredita”, segundo afirmou o presidente da comissão do festival, Simon Field.
A transportadora responsável chegou a bater na porta do cineasta há dois dias com o troféu em mãos, mas a entrega só seria realizada mediante ao pagamento. “Não tem HD interno, não é um computador. Vamos tentar rever dentro da lei. Pagar R$ 900 por um troféu que foi gentilmente enviado não me parece justo”, defendeu Kleber.
Não é a primeira vez que Kleber tem problemas na alfândega. Sua produtora enviou uma cópia de “O Som ao Redor”, seu filme anterior, para um festival no México e, na devolução, foi cobrado. “É como se você estivesse importando a própria cópia que você enviou, como se fosse uma compra de um produto do exterior”.
Ao UOL, a DHL, transportadora responsável, afirmou que troféus não entram na categoria de bens culturais, como livros e DVD's, que seriam isentos de taxação. O valor, segundo a empresa, é determinado por lei, cobrado pela Receita Federal, e gira em torno de 60% do valor declarado pelo remetente.
A Receita Federal ratificou a informação: “Aplica-se a tributação de 60% sobre valor declarado dos bens, acrescido do ICMS cobrado pelo estado de domicílio do destinatário e taxas da empresa de courier”.
Protesto em Cannes
"Aquarius" chega aos cinemas no dia 1° de setembro, mas se tornou um dos filmes mais comentados meses atrás ao fazer uma passagem ruidosa no último Festival de Cannes. A sessão de gala do longa foi marcada por protestos contra o governo interino de Michel Temer.
Ao chegar ao topo da escadaria que leva ao Palácio dos Festivais, o diretor Kléber Mendonça Filho, os atores Humberto Carrão e Maeve Jinkings e outros integrantes da equipe mostraram cartazes com frases em inglês e francês com dizeres como "O mundo não pode aceitar este governo ilegítimo", "Um golpe está acontecendo no Brasil", "54.501.118 de votos foram queimados", "Misóginos, racistas e impostores como ministros", e "Dilma, vamos resistir com você".
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