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Mais uma greve em Hollywood: Atores querem mais das empresas de games

A atriz Ellen Page divulga o game "Beyond Two Souls", que teve movimentos e vozes capturadas para criar a protagonista Jodie Holmes - Reprodução/YouTube
A atriz Ellen Page divulga o game "Beyond Two Souls", que teve movimentos e vozes capturadas para criar a protagonista Jodie Holmes Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

21/10/2016 13h26

O Sindicato dos Atores dos Estados Unidos e a Associação Americana de Artistas de Rádio e TV estão em greve mais uma vez. Agora, a causa são as grandes empresas de videogame. Os artistas decretaram nesta sexta-feira (21) a pausa nos trabalhos, depois de 19 meses de negociação, em uma reivindicação de melhores salários e benefícios.

Empresas desenvolvedoras de games têm, cada vez mais, contratado atores profissionais para captar movimentos e expressões, para fazer dublagens ou até mesmo criar personagens a partir de pessoas reais. 

Segundo o site "Deadline", apenas 25% dos jogos contratam artistas sindicais, mas o mercado tem crescido com participações de nomes como Kiefer Sutherland, Neil Patrick Harris, Mila Kunis, Ellen Page, Christopher Walken, Liam Neeson, John Goodman e Martin Sheen, entre outros.

Entre as reivindicações feitas pelos atores, descritas no site do SAG-Aftra (sigla em inglês do sindicato e da associação), está a participação no lucro dos jogos de sucesso comercial, com um pagamento adicional para cada 2 milhões de cópias ou downloads vendidos, chegando a um limite máximo de 8 milhões de vendas.

Melhores condições em dublagem também faz parte dos pedidos, com redução das sessões de gravação, diminuindo de 4 horas para 2 horas, sem perda de remuneração. Segundo os atores, as dublagens têm demandado cada vez mais esforços e há relatos de desmaios durante as sessões, profissionais vomitando e perdendo a voz por um dia até várias semanas.

A transparência nos contratos é outra reivindicação. O sindicato afirma que os atores são mal informados sobre o projeto que irão trabalhar e que há relatos de profissionais que, durante a sessão de trabalho, são solicitados a gravarem cenas de sexo simulado e insultos raciais, sem um consentimento prévio.

Com a greve, grandes empresas são atingidas, como a Disney, Warner Bros., Blizzard, EA (Electronic Arts), Activision e Take Two, entre outras. As companhias de games tentaram negociar outros termos, mas o SAG-Aftra não aceitou. Integrantes do SAG-Aftra vão protestar em frente aos escritórios da EA começando na próxima segunda-feira (24). 

A paralisação afeta produções que começaram a ser feitas depois de 17 de fevereiro do ano passado. Muitos dos jogos mais sofisticados levam anos para serem feitos e chegar ao mercado, e empregam um grande número de atores durante o processo de desenvolvimento. "É uma questão de justiça e da capacidade dos artistas para sobreviver nesta indústria", diz um documento escrito pelas duas associações.

Greve dos roteiristas

Essa é a maior greve em Hollywood desde a paralisação do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood, que durou cerca de cem dias entre 2007 e 2008. Na época, diversas séries foram afetadas, com temporadas encurtadas e até mudança nas tramas.

Segundo o jornal "The New York Times", estimaram que aquela greve gerou prejuízos de US$ 2 bilhões à economia de Los Angeles.

Antes disso, uma outra grande greve afetou a indústria do entretenimento em 1998, gerando perdas de US$ 500 milhões, após 153 dias de paralisação.