Atriz de "GoT" se preocupa com fim da série e diz que Sansa mataria de novo

Atenção: o texto abaixo contém spoilers da sexta temporada de "Game of Thrones", que foi ao ar em 2016. Se você não viu e não quer saber o que acontece, não leia. 

A sexta temporada de “Game of Thrones” marcou uma virada para Sansa. Após passar episódios e mais episódios sofrendo nas mãos do mimado Joffrey e, mais tarde, do sádico Ramsay, a personagem vivida por Sophie Turner mostrou que pode ser tão poderosa quanto perigosa: salvou o dia na Batalha dos Bastardos e ainda deu o ex-marido de comida para os cachorros – uma atitude que, nos primórdios da série, poucos imaginariam que ela fosse capaz tomar.

E, para a atriz britânica de 21 anos, que concedeu uma entrevista ao UOL e outros veículos internacionais, Sansa deve continuar implacável – e disposta a matar.

“No fim da última temporada, nós a vimos matando pela primeira vez. E a reação dela, quando se afasta, é sorrir. Você se pergunta se é o alívio de ter Ramsay totalmente fora da sua vida, ou se ela está gostando disso, de matar. Você imagina que direção ela vai tomar, se ela vai se tornar alguém cruel. Em minha opinião, acho que ela ainda tem as morais Stark, que foram passadas desde que ela era pequena, mas as pessoas que fizeram o mal a ela, mataram sua família, pessoas como Cersei, ela estaria disposta a matar novamente. E acho que há um poder que vem com isso que ela realmente gosta, porque ela quer esse poder”.

O que não é motivo, argumenta Sophie, para ter medo da personagem na sétima temporada da série, que estreia no dia 16 de julho. “Acho que todo mundo deveria ficar do lado da Sansa, mas saber que ela tem o poder de tomar decisões como essas. É sábio ter isso em mente, porque acho que ela não tem medo de fazer isso de novo. Para ela, chega de enrolar e fazer a mulher bem nascida. Ela quer o que ela quer e vai fazer o que quer para conseguir”.

E seria um desses objetivos se tornar Rainha do Norte, já que Jon foi aclamado ao posto de rei ao final da sexta temporada? Para a atriz, Sansa já ocupa essa posição. “Acho que na opinião, de Sansa, sim [ela é rainha], ela merece isso. Ela ainda tem esse respeito da população de Winterfell, dos lordes e das senhoras. Ela tem esse poder recém-descoberto que ela não tinha antes. Não tanto quanto Jon tem, mas ela está aprendendo a lidar com isso nesta temporada”.

Com tanto poder nas mãos, é quase inevitável um embate entre Sansa e Mindinho, que já falou explicitamente sobre as intenções de sentar em um trono com ela ao seu lado. E o ator Aidan Gillen diz que o personagem traiçoeiro está tanto orgulhoso quanto ressabiado com a evolução da herdeira Stark. “Ela provou ser uma igual, o que era esperado, e isso é uma posição interessante, ver que a pessoa da qual você foi mentor é capa de ter superar se ela quiser.  Eles estão jogando um com o outro”, analisa.

Os embates internos, porém, vão perder força na nova temporada com a aproximação dos White Walkers. “Há mais em jogo nessa temporada.  Essa ameaça dos White Walkers está crescendo, acho que isso é o que une muitas pessoas que você não esperava. Pessoas que [os fãs] sempre torceram muito para se encontrar, mas você não sabia se eles iam se dar bem, vão se encontrar, formar alianças. Há muitas alianças sendo feitas”, entrega Sophie.

“Game of Thrones” feminista

A nova fase de Sansa, na sexta temporada, coincidiu com outros momentos “girl power” da série -- e muitos fãs se perguntaram se os criadores de “Game of Thrones” estariam tentando se redimir das vezes em que a série foi acusada de machismo, seja pelo uso excessivo da nudez feminina ou por cenas controversas como o estupro de Sansa em sua noite de núpcias com Ramsay.

Mas, na opinião de Sophie Turner, a série sempre tratou as mulheres da mesma forma, e o machismo que afeta as personagens femininas corresponde ao da era medieval, o período histórico que inspirou a saga “Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R. R. Martin.

“Para a série soar realista, você tem que colocar essas amarras sociais patriarcais sobre as personagens. Mas o que é notável, e que faz muitas pessoas responderem, é o fato de que essas personagens quebram essas amarras”, analisa, citando como exemplo a discussão que Sansa tem com Jon antes da Batalha dos Bastardos. “Ela tem experiência, mais experiência do que ele tem, em lidar com o inimigo, mas ele não a escuta. No fim, ela salva o dia. Ela o salva. A série sempre teve a mesma atitude em relação às mulheres e eu realmente acredito que essa é uma série feminista”.

Sobre a grande repercussão do estupro de Sansa, exibido na quinta temporada, a atriz afirma que ficou feliz com a reação do público – e que isso a levou a se tornar uma ativista contra o estupro e o abuso sexual. “Amo o fato de que a cena criou um diálogo e estou feliz que isso aconteceu e que teve tanta repercussão. [A repercussão] me inspirou a trabalhar com pessoas em Ruanda, que foram vítimas de crimes de guerra, e permitiu que as histórias deles fossem ouvidas. Está acontecendo no mundo todo, mas ninguém ouve nada”.

E se a cena foi difícil de assistir para muitos espectadores, o clima no set com o colega Iwan Rheon foi bem mais leve. “Nós dois estávamos um pouco assustados. Iwan ficava me pedindo desculpas. Ele não dormiu muito na noite anterior, acho que ele estava mais desconfortável do que eu. Todo mundo no set tenta fazer você se sentir o mais confortável possível, fazer aquela experiência ser o menos horrível possível, então não foi muito ruim. O set é um ambiente muito estéril, é uma máquina”, recorda.

O auge?

Do elenco jovem de “Game of Thrones”, Sophie é uma das que mais tem se destacado fora da série: ela arrebatou o papel de Jean Grey na franquia “X-Men” – será a grande protagonista da “Saga da Fênix Negra”, previsto para 2018 – e tem mais dois filmes com lançamento previsto para este ano. Mas isso não a impede de se preocupar com o fim da série, que será encerrada na oitava temporada.

“Todos nós pensamos ‘é tudo ladeira abaixo agora? É esse o pico das nossas carreiras? é a ultima coisa que vamos fazer?’”, conta. “E é assustador, porque ‘Game of Thrones’ faz muito sucesso, então definitivamente há uma pressão para selecionar projetos que estejam à altura, e é muito difícil encontrar projetos assim. Mas eu me preocupo que esse seja o auge da minha carreira ou que as pessoas só me vejam como Sansa, então eu tenho que me esforçar muito para escolher papéis que vão me diferenciar como atriz e permitir que eu me dissolva no personagem. Mas é difícil, acho que aumentei muito as expectativas e agora tenho que viver á altura disso”. 

*A jornalista viajou a convite da HBO