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Bilheterias fora dos EUA transformam fracassos em sucessos

Javier Bardem em cena de "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar" - Divulgação
Javier Bardem em cena de "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar"
Imagem: Divulgação

Anousha Sakoui

Bloomberg

05/07/2017 15h25

Os fracassos de bilheteria simplesmente continuaram chegando neste verão da América do Norte, com "A Múmia", "Alien: Covenant" e "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar". A temporada foi aquilo que os críticos educadamente classificam como sem graça para Hollywood -- mas isso não significa que os estúdios deixarão de produzir fiascos.

O motivo é que, apesar do desempenho ruim de alguns filmes de franquia e refilmagens no maior mercado de cinemas do mundo, essas produções apresentaram vendas sólidas de ingressos em outros lugares. O quinto "Transformers", da Paramount Pictures, deu sono nos fãs de cinema dos EUA, mas os chineses gostaram. E o número 6 já está em produção.

"Olhe quantas baixas só neste verão", disse Paul Dergarabedian, analista da ComScore em Los Angeles. "Se contassem apenas com a América do Norte, teria sido um desastre monumental para os estúdios."

Pelo menos por enquanto, o restante do mundo -- particularmente a China -- está respaldando o romance de Hollywood com as séries, sequências e refilmagens, como "A Múmia", a nova versão de Universal Pictures para uma história que já foi contada dezenas de vezes.

O risco é que esse cansaço em relação às continuações chegue também aos mercados fora dos EUA. Os espectadores chineses estão cada vez mais exigentes e o mercado de cinemas de mais rápido crescimento está perdendo força. Isto representa um desafio para estúdios como Walt Disney e Warner Bros., da Time Warner, que planejam e programam filmes com anos de antecedência.

No Brasil, com exceção de “Mulher-Maravilha”, que permaneceu durante cinco semanas no 1° lugar, “A Múmia” e “Piratas do Caribe” foram bem na bilheteria (R$ 43 milhões e R$ 53 milhões, respectivamente), mas aquém do sucesso de seus antecessores.

Trailer legendado de "Transformers: O Último Cavaleiro"

Cenapop

Jonathan Papish, analista da China Film Insider, descreveu como um "desastre" os US$ 250 milhões que "Transformers: O Último Cavaleiro" deverá registrar no país mais populoso do mundo. O motivo: a versão anterior da divisão de filmes da Viacom arrecadou 17% mais, "um sinal preocupante para a Paramount e para outros estúdios de Hollywood, que se tornaram complacentes demais achando que o público chinês vai engolir qualquer lixo que eles empurrarem goela abaixo".

A estreia desse novo "Transformers" na China, pelo menos, foi cerca de 30 por cento maior do que a estreia do filme anterior da série, segundo o Box Office Mojo.

Nem todas as sequências ou estreias de franquias foram um fracasso na América do Norte, obviamente. "Mulher Maravilha", o quarto episódio da Warner Bros. para a série Universo Estendido da DC, arrecadou US$ 346 milhões no mercado americano e é um dos filmes com melhor desempenho no ano. O filme "Guardiões da Galáxia Vol. 2", da Disney, liderou as bilheterias por duas semanas e arrecadou US$ 383 milhões nos EUA.

E alguns grandes sucessos estão chegando. "Homem-Aranha: De Volta ao Lar", da Sony, deverá arrecadar US$ 301 milhões na América do Norte após a estreia, neste fim de semana, segundo o BoxOfficePro.com. "Planeta dos Macacos: A Guerra", da 21st Century Fox, que chega aos cinemas norte-americanos em 14 de julho, pode arrecadar US$ 165 milhões.

Mas a bilheteria norte-americana do segundo trimestre caiu 3,6% em relação ao ano anterior, para US$ 2,7 bilhões, disse Barton Crockett, analista da FBR & Co., em nota. Ele culpou as sequências decepcionantes; mesmo com "Mulher Maravilha", que se saiu melhor do que o esperado, ele prevê um declínio de 15 por cento para o terceiro trimestre.