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Lançando filme sobre sua vida, Lady Gaga anuncia pausa na carreira

Gaga fuma "cigarrinho suspeito" em trailer de documentário da Netflix - Reprodução - Reprodução
Cena do documentário "Gaga: Five Foot Two", da Netflix
Imagem: Reprodução

Eduardo Graça

Colaboração para o UOL, em Toronto (Canadá)

08/09/2017 15h45

Os fãs brasileiros que aproveitem muito o show de Lady Gaga no Rock In Rio este mês. Na apresentação mundial de seu documentário “Gaga Five Foot Two”, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, a pop star anunciou que pretende “tirar um sabático”. Após a exibição do filme que apresenta cenas da intimidade da cantora e bastidores da produção de seu quinto disco, “Joanne”, lançado no ano passado, Gaga foi questionada sobre onde se imagina em cinco anos.

"Vou dar uma parada. Não significa que pararei de criar música ou que já não tenha ideias na minha cabeça, mas a hora, para mim, é de diminuir o ritmo, para me recuperar, sarar. O momento é de reflexão", afirmou.

Choro e dor

Curiosamente, em “Gaga Five Foot Two”, que estará disponível na Netflix a partir do dia 22, são muitas as cenas em que Gaga cai no choro, ou se revela em dor profunda - física, crônica, desde que descobriu ter deslocado o quadril, após seguidas apresentações de sua turnê anterior, do álbum “Artpop”, e mental, intensificada após o fim de sua relação com Taylor Kinney, pouco antes de iniciar a produção de “Joanne”.

A câmera de Chris Moukarbel persegue Gaga até no consultório médico. Em outro momento, ela recebe massagem no apartamento em Nova York com vista para o Central Park e reflete sobre “as pessoas que não podem pagar pelos tratamentos e ajuda especializada que tenho”. “Como eles fazem?”, ela pergunta para a câmera, para em seguida, aparentemente, cair em si: “Estou sendo ridícula?”.

Lady Gaga no Festival de Toronto - Chris Young/The Canadian Press via AP - Chris Young/The Canadian Press via AP
Lady Gaga durante o Festival de Toronto, no Canadá
Imagem: Chris Young/The Canadian Press via AP

Há sim muito chororô em “Gaga Five Foot Two”, mas também imagens preciosas da intimidade da moça de voz potente jamais vistas anteriormente. Moukarbel consegue, logo no início do filme, arrancar uma crítica direta da moça a Madonna.

Madonna

"Não tenho problema algum em ela me criticar. Mas, como ela, eu sou uma ítalo-americana de Nova York. Quando a gente quer falar algo, não usamos meninos de recado, falamos na cara. Isso é o que me incomoda quando ela me critica na mídia", diz.

Moukarbel conta que não decidiu de imediato incluir o trecho sobre Madonna no documentário - Gaga diz nem ter visto ainda o resultado final, e que deu total liberdade ao “meu amigo”, sem influir na edição, pedindo a ele apenas para desligar a câmera “quando estava em um estado de espírito mais difícil”. Mas o cineasta diz que tomou a decisão “menos por ser uma fofoca boa” e mais por “discutir valores importantes para a Gaga, como ética e moral”.

Exposta

O filme, na linha do mais recente disco de Gaga, persegue a ideia de que irá mostrar, em 1h30, a artista mais madura, com posições feministas, interessada em “não mais dizer o que penso através de roupas escalafobéticas” e sim “com a minha cara nua”. Nua, ela quase aparece para as câmeras de Moukarbel fazendo topless na piscina e tomando injeção no bumbum. E ao falar sobre drogas, álcool, família (com direito a visita à avó e batizado) e a solidão.

"É duro viver com dor crônica e queria dividir com meus fãs algumas de minhas experiências reais, por mais difíceis que fossem. O filme foi, de certa forma, uma catarse para mim", disse.

Mas a cantora de 31 anos brilha mesmo no filme nas cenas em que canta em ambientes acústicos, seja ao lado de Florence Welch, do Florence + the Machine, em estúdio, em um poderoso dueto, ou cantando para um Tony Bennett embasbacado no aniversário do veterano crooner. É de converter o mais incrédulo dos críticos.

Resenhas negativas ao disco, aliás, aparecem em áudios em meio à imagens da turnê, em uma tentativa de mostrar que o diretor não estava interessado em levantar a moral de uma das maiores campeãs de popularidade e vendagem na indústria da música.

"O mais importante para mim era que o documentário não parecesse ser algo comercial, feito para vender a viagem de uma Gaga boazinha ou em busca de algum tipo de perfeição. Pautamos o filme pela autenticidade. Tudo o que você vê ali, aconteceu espontaneamente, daquele jeito. E, de qualquer forma, não faço arte para ser adorada por todos e sim para criar experiências musicais, espero, transformadoras. Muito mais do que as redes sociais, do que uma foto escalafobética minha no Instagram, é a música que tem poder transformador. É ela quem liberta", disse.

E sobre o hiato artístico anunciado em primeira mão, embora chateados e preocupados com a saúde de Gaga, que cancelou uma apresentação em Montreal no dia 4, os fãs mais ardorosos - batizados pela cantora de “monstrinhos” (ela, como se sabe, recebeu a alcunha de “mãe monstra”, demonstraram imediatamente apoio à diva nas redes sociais.

O Festival de Toronto segue até o dia 17.