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Careca e sem o "carioquês": Cauã Reymond sai da zona de conforto (de novo)

O ator Cauã Reymond em cena do filme "Não Devore Meu Coração" - Divulgação
O ator Cauã Reymond em cena do filme "Não Devore Meu Coração" Imagem: Divulgação

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no rio

22/11/2017 04h00

Quem vê o bonitão Cauã Reymond apenas como um galã de novelas vai se surpreender com o ator no filme "Não Devore Meu Coração", que entra em cartaz nesta quinta-feira. No longa de Felipe Bragança, que conta a história de um menino brasileiro que se apaixona por uma menina indígena paraguaia, Cauã vive Fernando, irmão mais velho do protagonista, um misterioso agroboy que faz parte de uma gangue de motoqueiros da região. Além de aparecer com a cabeça raspada, o ator também mostra um sotaque diferente do “carioquês”, que segundo ele é um dos encontrados em Mato Grosso do Sul, onde a história se passa.

“Para mim foi importante entrar em contato com essa realidade, com esse universo, esse sotaque diferente. Interessante porque foi colonizado por gaúchos. (A personagem de) Ney Matogrosso tem sotaque gaúcho. Tem o ‘porta’, 'porteira'. É uma mistura de sotaques como Brasília”, contou Cauã. “O filme é poético. A história dos personagens mais jovens é um lugar de fábula, poesia. A minha parte dentro da trama é mais hardcore. Fala sobre o genocídio indígena, sobre conflitos, sobre o que ficou da Guerra do Paraguai." 

Cauã diz que busca sair da zona de conforto do lugar de galã e encontra esse espaço nas séries em que protagonizou na TV. E a lista de papéis que estrelou nessa área fala por si. "Em "Amores Roubados" o personagem não é mocinho. Em "O Caçador" ele também não é um cara tão legal, dorme com a mulher do irmão. Em "Justiça" meu personagem mata a mulher, em "Dois Irmãos" também foi diferente. Fiz personagens diferentes nas séries e busquei isso também. Nas novelas às vezes ocupo o lugar do mocinho, mas são sempre sofridos”, listou Cauã, que explica a origem dessa busca.
 
“Não tenho problema nenhum com isso (de ser galã), sou inquieto. Desde que comecei minha carreira fiz projetos de arte. Só fiz um filme comercial, que é o "Divã". "Alemão", que eu coproduzi também, era de baixo orçamento. Foi feito em 17 dias e aí virou microssérie na Globo. Estou engatinhando na produção. É um desafio também para eu entender como funciona a engrenagem”, afirma.
 
"Não Devore o Meu Coração" foi rodado logo após o ator terminar o intenso trabalho feito na minissérie "Dois Irmãos", gravado em 2015, onde interpretou gêmeos idênticos, porém com temperamentos opostos. Para Cauã, a “virada de chave” entre trabalhos tão próximos não tem mistério.

“Faço isso intuitivamente, já fiz isso outras vezes na carreira, saí daqui para lá. A gente estuda, busca, quer entender o que pode oferecer para o personagem, o que a gente não tem. Eu sou um cara interessado. Busquei uma professora e estudei o sotaque todos os dias. Meu personagem que está em busca de pertencer a algo, de ser aprovado, quer agradar e ele se perde nessa busca”, disse.

Momentos de angústia

Lidar com a ansiedade no set de gravação sem falar com a equipe foi um dos desafios durante as filmagens, contou o ator. “O Felipe tinha um set muito concentrado. Eu às vezes me concentro desconcentrando. Gosto de falar. Ser falante no set que é uma forma de botar minha ansiedade para fora, mas não fazia isso com os colegas. E a equipe estava proibida de falar comigo. Foram momentos de angústia. Cada diretor trabalha de uma forma. Quando dava ‘ação’ eu botava para fora (a ansiedade)”, diz o ator, aos risos.

Nos próximos meses Cauã vai ser visto na comédia "Uma Dupla Quase Perfeita", que filmou ao lado de Tatá Werneck, além de "Piedade", do diretor Claudio Assis e até maio gravará a minissérie "Ilha de Ferro", na Globo. Para o segundo semestre de 2018 Cauã ainda vai filmar dois longas, um deles sobre a história de dom Pedro 1º, que terá direção de Laís Bodanzky.
 
“Estamos na fase do roteiro e com 70% do dinheiro captado. Acho que vamos começar em outubro do ano que vem”, contou sobre o projeto que retratará o primeiro imperador do Brasil. Já sobre a vida pessoal Cauã prefere ser mais reservado, sem revelar se faz planos de se casar com a namorada Mariana Goldfarb, com quem está há pouco mais de um ano. “Minha vida está boa sim. Acho que até maio está tudo certo. Vou continuar trabalhando e tocar a vida como está. Surpresa é melhor, né? Spoiler? Imagina se ela lê essa matéria”, brincou Cauã sobre o assunto.