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"Black Mirror" recebe críticas por errar ao falar de pílula do dia seguinte

Em "Arkangel", Marie monitora a filha Sara por meio de um chip implantado na menina - Christos Kalohoridis/Netflix
Em "Arkangel", Marie monitora a filha Sara por meio de um chip implantado na menina Imagem: Christos Kalohoridis/Netflix

Do UOL, em São Paulo

05/01/2018 13h01

“Black Mirror” é cheio de tecnologias mirabolantes e elaboradas – mas a quarta temporada da série escorregou ao falar sobre como a pílula do dia seguinte funciona, e está sendo criticada por isso nas redes sociais.

No episódio “Arkangel”, dirigido por Jodie Foster, Marie coloca uma pílula em uma bebida da filha, Sara, a quem vinha secretamente monitorando pelo sistema que dá nome ao episódio. Mais tarde, a menina passa mal na escola e a enfermeira afirma que isso é um efeito do uso do contraceptivo de emergência.

O problema é o que vem a seguir. Ao explicar a situação para a garota, e enfermeira diz “o contraceptivo de emergência, para interromper a gravidez”, antes de afirmar que ela “não está mais grávida”. Em seguida, Sara encontra no lixo de sua casa uma caixa onde claramente se lê “contraceptivo de emergência”.

A pílula do dia seguinte, porém, não provoca abortos: ela só impede a gravidez de acontecer.

Em reportagem recente do VivaBem, a plataforma de saúde e bem-estar do UOL, Luiz Fernando Leite, obstetra do hospital Santa Joana, explicou que o contraceptivo de emergência funciona com um “pico hormonal”, causado pela alta dose de hormônios femininos concentrados no medicamento. Esse aumento traz reações como retardo da ovulação, alteração do muco da vagina, que se torna hostil para espermatozoides, e descamação do endométrio, tecido que recobre o útero para receber a gravidez e dá origem a menstruação, inibindo, assim, a fecundação.

Confusões do tipo ainda podem ter um impacto real na vida das pessoas, afirmou ao Buzzfeed News Gretchen Sisson, socióloga da Univeristy o California - San Fracisco: “Se elas pensam que [a pílula] causa aborto, elas irão, com razão, pensar que deveria haver mais controle, quando na verdade elas podem administrá-la com segurança por si mesmas”, explicou Gretchen Sisson, que faz parte de uma pesquisa sobre como o aborto é retratado na TV.