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Em livro de 2013, James Franco descreve com detalhes como seduzia atrizes

O ator e diretor James Franco é acusado de má conduta sexual - Getty Images
O ator e diretor James Franco é acusado de má conduta sexual Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

12/01/2018 07h37

O ator James Franco, que foi acusado nesta semana por várias mulheres de assédio sexual, descreveu com riqueza de detalhes no livro "Actors Anonymous", lançado em 2013, como ele seduzia jovens estudantes de atuação.

O livro é uma coleção de contos confessionais escritos por diversos atores, incluindo James Franco. Em um dos capítulos, segundo descreve a revista "Variety", ele conta como manteve um fluxo constante de parceiras sexuais. "Eu tinha uma rotina em que eu podia ver uma pessoa diferente a cada noite", escreveu.

Capa do livro "Actors Anonymous", de James Franco - Divulgação - Divulgação
Capa do livro "Actors Anonymous", de James Franco
Imagem: Divulgação

No capítulo, ele afirma que suas frequentes viagens permitiam que ele conhecesse mulheres de todas as partes, como Roma, Portland, Nova York e Los Angeles. "Uma das minhas abordagens favoritas era pedir às garotas que tirassem uma foto comigo e depois me mandasse por e-mail uma cópia. Desta forma, eu poderia dar os meus contatos rapidamente na frente de uma multidão de fãs e mais tarde poder vê-las", contou.

Um desses casos ocorreu em Toronto, no Canadá, onde ele estava para divulgar o filme "127 Horas", do qual foi indicado ao Oscar. No livro, Franco conta que uma menina de "boa aparência" pediu uma foto com ele. Mais tarde, ela enviou a imagem por e-mail. Mas era tarde demais porque Franco já estava dormindo com uma garota de Princeton que "se ofereceu no festival".

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"Nos meses seguintes, ela me enviou muitas fotos de seu corpo, especialmente do ponto G. Então, quando ela finalmente chegou ao meu apartamento no Lower East Side, eu estava pronto e ela estava pronta. Ela não só me permitiu fazer tudo o que eu queria com ela, como também deixou eu filmá-la com meu celular", ele descreve.

O ator também afirma gostar de ser celebridade. "Eu tinha muito sexo. Muito", disse. "A maioria dos atores tem isso e capitaliza em cima de sua celebridade. É engraçado, muitos caras que se tornaram atores eram tímidos ou nerds ou sensíveis quando eram jovens. Então, quando eles se tornam famosos, realmente compensam aqueles anos em que foram rejeitados".

Assédio sexual

As histórias contadas no livro de Franco ganham um contorno crítico no momento em que cinco mulheres o acusaram de má conduta sexual, segundo uma reportagem publicada na quinta-feira (11) no jornal "Los Angeles Times". Quatro meninas estudaram na escola de atuação Franco's Studio 4, fundada em 2014 pelo artista. A quinta disse ao jornal que considerava o ator um "mentor".

A ex-aluna Sarah Tither-Kaplan disse ao jornal que foi escalada para atuar no filme "The Long Home" como prostituta e depois foi chamada para fazer uma cena "bônus" onde representaria uma orgia com Franco simulando sexo oral em diversas mulheres. A atriz disse que Franco removeu o tapa-sexo que cobria sua vagina e continuou a simular o sexo oral sem proteção.

Em outro momento, as atrizes foram instruídas a fazer topless e a dançar ao redor de Franco, em uma cena que não estava originalmente no roteiro. "Eu percebi rapidamente que, OK, você não diz 'não' para este cara", afirmou Tither-Kaplan.

Katie Ryan, que também estudou na Studio 4, disse que Franco dava a entender que todas teriam chance em algum filme se elas estivessem dispostas a encenar atos sexuais ou fazerem topless. Ela disse ainda que Franco sempre enviava e-mails em massa sobre audições para papeis de prostitutas.

Outras duas mulheres, Hilary Dusome e Natalie Chmiel, também reclamaram do comportamento do ator quando ele dava aulas de atuação no Playhouse West, antes de fundar a Studio 4. Elas disseram que, em uma ocasião, Franco pediu que as meninas tirassem as blusas, porém nenhuma delas aceitou. Segundo Chmiel, o ator ficou visivelmente nervoso com a negativa.

Globo de Ouro

As denúncias surgiram após James Franco usar o pin "Times Up", que faz referência a uma campanha contra o assédio sexual em Hollywood, durante a premiação do Globo de Ouro no domingo (7). O ator ganhou o prêmio na categoria de melhor ator em comédia ou musical pelo filme "Artista do Desastre".

A primeira pessoa a denunciar o ator foi a atriz Violet Paley, ainda durante a premiação do Globo de Ouro. "Que fofo esse pin do #TimesUp, James Franco. Você se lembra de quando empurrou a minha cabeça para perto do seu pênis exposto no carro? E aquela outra vez em que você falou para uma amiga minha ir até o seu hotel quando ela tinha 17 anos?", tuitou a atriz.

Ao jornal, Violet Paley deu mais detalhes do ato. "Eu estava conversando com ele quando, de repente, seu pênis estava para fora. Eu fiquei realmente nervosa e disse: 'podemos fazer isso depois?'. Ele estava abaixando a minha cabeça e eu não queria que ele me odiasse, então eu fiz isso".

O advogado do artista contestou as acusações e lembrou os comentários que Franco deu em entrevista a Stephen Colbert. "Eu tenho orgulho de, na minha vida, ter feito tudo com responsabilidade", afirmou o ator.