"Alice" atualiza personagem de Lewis Carroll
SÃO PAULO (Reuters) - Dirigido por Tim Burton, o filme "Alice no País das Maravilhas" é um passaporte para a maturidade da personagem criada pelo escritor inglês Lewis Carroll por brincadeira, em 1862. Alvo de sucessivas adaptações, inclusive um famoso desenho animado em 1951 dos estúdios Disney, produtores desta nova versão, Alice aqui deixa a infância, tornando-se uma bela e casadoira jovem de 19 anos (interpretada pela australiana Mia Wasikowska).
Escorado no grande sucesso de bilheteria nos EUA, onde o filme arrecadou mais de 320 milhões de dólares até 18 de abril, o lançamento brasileiro será de grande porte. Estão previstas 400 cópias, com direito a exibição 3D em 126 salas. Das cópias 35mm, 80 por cento serão dubladas e apenas 20 por cento legendadas.
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Com a liberdade de imaginação desta versão de Burton, com roteiro de Linda Woolverton (roteirista das animações "A Bela e a Fera" e "O Rei Leão"), a história de Alice torna-se um pequeno conto feminista, aproveitando o contexto vitoriano original da história de Carroll e o cenário de um mundo fantástico matriarcal, dividido pela guerra entre duas irmãs e rainhas (Helena Bonham-Carter e Anne Hathaway).
Alice é órfã de pai e está sendo praticamente empurrada para um noivado e casamento precoces. Na festa que foi tramada para que ela diga sim, Alice avista um misterioso coelho no jardim, olhando seu relógio. Seguindo o animal, Alice cai no buraco que a leva ao Mundo Subterrâneo, cenário de aventuras das quais ela não retornará a mesma.
A mágica dos efeitos visuais - e do 3D, em algumas cópias - valoriza as experiências de Alice de aumentar e encolher seu tamanho, mediante a ingestão de um líquido ou de um pedaço de bolo, bem como seu encontro com criaturas míticas - caso do gato risonho (voz de Stephen Fry nas cópias legendadas), da lagarta Absolem (Alan Rickman, "Harry Potter e o Príncipe Mestiço") e do Chapeleiro Maluco (Johnny Depp, "Piratas do Caribe").
Personagem secundário na história original, o Chapeleiro Maluco aqui é um coadjuvante com direito a muito espaço e peripécias. Em vários momentos, ele será o protetor de Alice, em outros, seu instigador e mais seria, quem sabe, se Burton tivesse total liberdade e este não fosse, afinal, um filme para crianças.
Esta obrigatoriedade do "filme-família", padrão por excelência da Disney, no fim das contas, funciona como uma trava à criatividade nem sempre bem comportada (aqui, sim) do diretor de "Marte Ataca!" (1996), "Peixe Grande" (2003) e "Sweeney Todd" (2007). Alice cresceu, sim, mas não pode voar tão alto. E seu destino de empresária rumo à China parece também um pouco demais...
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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