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Wall Street não deve dar importância a "O Dinheiro Nunca Dorme"

CHRISTINE KEARNEY

22/09/2010 13h43

NOVA YORK - Gordon Gekko, o vilão arquetípico de "Wall Street - Poder e Cobiça", filme ícone dos anos 1980, tem um novo lema: a cobiça não apenas é boa, como é legalizada e está por toda parte.

Mas suas palavras, e a sequência daquele filme, "Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme", que chegará aos cinemas mundiais na sexta-feira, provavelmente não encontrarão junto a banqueiros e corretores de ações o mesmo eco que fez de Gekko um herói cult e paradigma dos excessos financeiros declarados dos anos 1980, dizem especialistas.

"Acho que não será algo importante em Wall Street, em termos de sujar sua imagem", opinou Igor Kirman, sócio da empresa de advocacia de Wall Street Wachtell, Lipton, Rosen & Katz.

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Quando o primeiro "Wall Street" chegou aos cinemas, em 1987, as bolsas de valores tinham sofrido um crash de grandes proporções, e os norte-americanos estavam em choque. O filme mostrou como banqueiros compravam empresas, as destituíam de seus ativos, destruíam grandes empresas americanas e deixavam incontáveis trabalhadores desempregados.

O diretor Oliver Stone pode estar enfrentando Wall Street outra vez, mas, na esteira do derretimento financeiro global de 2008 que atraiu a ira universal de políticos e uma sucessão de escândalos envolvendo desde o financista Bernie Madoff até a queda de uma companhia que simbolizou os excessos dos anos 1980, a Lehman Brothers, os banqueiros não estão preocupados com o novo filme de Stone.

"Wall Street foi arrastada pela lama no último ano, virou bode expiatório", disse Kirman. "Nada que Oliver Stone vai dizer neste filme já não foi dito por nosso próprio presidente. Este filme não será um grande tapa na cara de Wall Street."

"O Dinheiro Nunca Dorme" teve sua première no festival de cinema de Cannes em maio e teve recepção ambígua. Desde então Stone passou três semanas editando-o mais.

Michael Douglas está de volta como o financista Gordon Gekko, mas desta vez quem assume a culpa por atos financeiros antiéticos são os grandes bancos e os que os comandam.

A trama envolve a relação amorosa entre a filha de Gekko (Carey Mulligan) e um jovem corretor de Wall Street chamado Jake Moore (Shia LaBeouf).

Oliver Stone, crítico de longa data do capitalismo desenfreado e filho de um corretor de ações, disse a repórteres que, embora o filme seja pontual, as bolhas no ciclo financeiro chegaram para ficar.

"O conceito do otimismo americano, de ganhar dinheiro e fazer sucesso, é uma parte constante do etos americano," disse Stone, que já apresentou visões contrárias às posições da maioria em filmes como "JFK" e "Nixon."

(Reportagem adicional de Bernd Debusmann Jr.)