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Sacha Baron Cohen equilibra provocação e romance em "O Ditador"

Ben Kinsley e Sacha Baron Cohen em cena de "O Ditador" - Divulgação
Ben Kinsley e Sacha Baron Cohen em cena de "O Ditador" Imagem: Divulgação

Rodrigo Zavala

Do Cineweb*

23/08/2012 13h32

Poucos humoristas conseguem ser tão corrosivos, transgressores, ofensivos e ainda assim engraçados como Sacha Baron Cohen. Pelo menos, para quem gosta do tipo de humor destilado pelo inglês que, muitas vezes, parece ter perdido completamente o limite entre o politicamente incorreto e o francamente ofensivo.

Ditador perde posto e tem que sobreviver por conta própria em NY

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    Sacha Baron Cohen em cena de "O Ditador"

Diferentemente da estrutura de "Borat-O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Casaquistão Viaja à América" e "Brüno", em que Cohen fingia ser um repórter para tapear seus entrevistados, em "O Ditador" ele realmente escreveu uma história e, surpresa, romântica.

Isso não significa que seus personagens deixarão de passar pelas mais vexatórias situações, tal como os azarados participantes de seus filmes anteriores.

Nesta produção, Cohen é o almirante-general Aladeen (como o personagem de "As Mil e Uma Noites"), o psicótico e narcisista ditador da República Wadiya, no Oriente Médio, odiado tanto pelo seu povo como por seus assessores mais diretos, entre eles Tamir (Ben Kingsley, de "A Invenção de Hugo Cabret").

Aladeen é a própria caricatura patética dos ditadores da região que, embora não citados nominalmente, estão nas entrelinhas. É acusado, por exemplo, de pôr em prática um programa nuclear para armas de destruição em massa, e está ameaçado de sanções pela ONU.

Mesmo praguejando contra o Ocidente, o ditador aceita ir aos Estados Unidos para discursar em uma assembleia da organização e defender a soberania de seu país.

No entanto, este é o momento que Tamir esperava para se livrar do ditador: durante a viagem, Aladeen é sequestrado e o assessor coloca um sósia em seu lugar. Como última vingança, raspa a barba do tirano, para que ele não seja mais reconhecido, antes de ser jogado nas ruas de Nova York como um anônimo.

Como se trata também de uma comédia romântica, ele receberá ajuda de Zoey (Anna Faris, de "A Casa das Coelhinhas"), a dona de uma loja de produtos naturais, pacifista e altruísta.

Ela não apenas irá trazer à tona a humanidade do protagonista, mas também suas próprias contradições. E Anna Faris tem um talento especial para fazer o papel de mulheres boazinhas, sem escorregar nos clichês.

O cineasta Larry Charles, que já havia trabalhado com Cohen em "Borat" e "Brüno", volta a dirigir seu amigo nesta produção que, por enquanto, é a menor das três.

Embora divertida, não tem o mesmo impacto ou as cenas antológicas dos filmes anteriores, como a luta nudista ("Borat") ou a indignação de pessoas sobre a troca de crianças por Ipods ("Brüno").

É preciso destacar a participação de atores convidados como Megan Fox e Edward Norton. Interpretando a eles mesmos, aparecem na tela aceitando fazer sexo por dinheiro, seguindo a máxima de que todos têm seu preço. Papéis tão constrangedores que só mesmo em um filme de Sacha Baron Cohen conseguem parecer convencionais.

TRAILER DE "O DITADOR"

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb