Sinistra e encantadora, animação "ParaNorman" traz protagonista que fala com zumbis

A famosa frase "I see dead people" (eu vejo gente morta, em português), de "O Sexto Sentido", encontra eco em "ParaNorman", animação feita com a técnica de stop-motion, que estreia na sexta-feira (7) nos cinemas brasileiros, somente com cópias dubladas. Dirigida por Chris Butler e Sam Fell (de "O Corajoso Ratinho Desperaux"), a produção tem como protagonista uma figurinha interessante: Norman, garoto que é vítima de zombaria na escola e incompreensão em casa por ser capaz de ver, conversar e até se divertir com gente morta.

Com dublagem de Ícaro Amado, Norman carrega certo ar de "Carrie": sempre sofrendo na mão dos valentões, sendo mal compreendido e esperançoso de que um dia poderá dar o troco. No caso de "ParaNorman", a vingança não vem num banho de sangue, mas no despertar de um grupo de zumbis que se levantam para assombrar uma pequena cidade, marcada por uma centenária maldição que o garoto tenta remediar.

"ParaNorman", de forma sutil, é um filme que levanta bandeiras e ataca preconceitos. O discurso é de tolerância e aceitação, fazendo uma ponte entre passado -- quando mulheres eram acusadas de bruxaria e queimadas ou enforcadas -- e o presente, com minorias sofrendo preconceitos.

Na cidade onde Norman mora, uma bruxa foi enforcada e, antes de morrer, lançou uma praga sobre aqueles que a condenaram. Agora, essas pessoas levantam do túmulo e voltam para assombrar os moradores -- que, na verdade, nem se assustam tanto, mas tomam as medidas mais drásticas contra os zumbis. Apenas Nornan, com seus poderes, é capaz de compreender o que está acontecendo e tentar ajudar vivos e mortos.

A paleta de cores dos diretores Butler e Fell é totalmente condizente com o tom sombrio da história. Desde a homenagem a filmes antigos de monstros na abertura do longa, "ParaNorman" valoriza a criatividade, especialmente nas imagens, porque nem sempre a trama consegue manter o seu frescor.

Com sua sinceridade e gosto para o sombrio, "ParaNorman" oferece diversão com algo de diferente. Sem medo de abraçar o sinistro, o filme é, ao mesmo tempo, encantador. Pode assustar crianças pequenas, mas tem o mesmo potencial para agradar a outras maiores e adultos.

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