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Comédia romântica "O Lado Bom da Vida" foge de clichês do gênero

Cena do filme "O Lado Bom da Vida", indicado a 8 Oscars, incluindo melhor filme, melhor diretor (David O. Russell), melhor ator (Bradley Cooper), melhor atriz (Jennifer Lawrence), melhor ator caodjuvante (Robert De Niro) e melhor atriz coadjuvante (Jacki Weaver) - Divulgação / Paris Filmes
Cena do filme "O Lado Bom da Vida", indicado a 8 Oscars, incluindo melhor filme, melhor diretor (David O. Russell), melhor ator (Bradley Cooper), melhor atriz (Jennifer Lawrence), melhor ator caodjuvante (Robert De Niro) e melhor atriz coadjuvante (Jacki Weaver) Imagem: Divulgação / Paris Filmes

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

31/01/2013 16h04Atualizada em 31/01/2013 20h57

O personagem Pat Jr., interpretado por Bradley Cooper em "O Lado Bom da Vida", retorna para casa após temporada em uma clínica para problemas emocionais, o que faz a mãe Dolores (Jacki Weaver) acreditar que a paz está voltando à família. O reencontro com o pai, Pat (Robert De Niro) é alegre, mas fica algo de estranho no ar.

Não demora muito para se perceber que ninguém nesta casa é tão normal assim na comédia dramática e romântica dirigida por David O. Russell ("O Vencedor"), que também assina o roteiro, baseado num romance de Matthew Quick.

Dolores é, na verdade, um dos poucos elos com a sanidade entre os personagens do filme. A partir do momento que Pat Jr. conhece Tiffany, a frase "de perto, ninguém é normal" ganha ainda mais força. A moça acaba de perder o marido policial num acidente. Transtornada, ela transa com todos os colegas de escritório até perder o emprego. A personagem é interpretada por Jennifer Lawrence, ganhadora dos prêmios de melhor atriz do Globo de Ouro e Sindicato dos Atores.

São essas duas almas perdidas no mundo e precisando uma da outra que dão o tom à história. O olhar sobre o casal não poderia ser mais terno, sem nunca ser condescendente. Muito ajuda a química entre Cooper e Jennifer, cujo romance desencontrado não podia despertar mais simpatia.

Ao contrário de filmes como "Inverno na Alma" e "Jogos Vorazes", nos quais a atriz era uma força da natureza, aqui ela se mostra mais vulnerável, o que comprova sua versatilidade. Seu colega de cena, Bradley Cooper, é surpreendente, longe do humor histérico da série de comédias "Se Beber, Não Case", que o tornou famoso.

"O Lado Bom da Vida" conta com diversas cenas em que o caos impera, a partir de uma gritaria histérica entre os personagens. Mesmo assim, é uma história simpática, exatamente por ser humana, porque aqueles personagens são sinceros: mesmo quando exagerados, nunca parecem irreais.

Russell orquestra tudo isso da melhor maneira possível, prolonga as situações até o limite, passa um pouquinho, mas percebe quando é hora de voltar e colocar os pés no chão novamente.

A volta ao lar para Pat Jr. é motivo de esperança de reconquistar sua ex-mulher, Nikki (Brea Bee), de quem ele não pode, por ordem judicial, se aproximar depois de um surto agressivo.

Abandonado, o personagem se lança à leitura dos livros que ela, professora de literatura, indica a alunos, ou se entrega ao desespero no meio da noite ao não encontrar o antigo vídeo do casamento deles.

Tiffany, embora poucos percebam, é a chance de Pat Jr. reencontrar-se consigo mesmo e com o mundo. Ela também não tem o menor rumo na sua vida. Sua única motivação é um campeonato de dança, embora não tenha nem mesmo um parceiro até a chegada de Pat Jr.

Já o pai de Pat também é uma figura relevante. Viciado em apostas, jogos de futebol americano e distante do filho que não consegue compreender, a paixão pelo esporte será o elo e o caminho para o reencontro entre os dois. Assim como a dança será o catalisador para Pat Jr. redescobrir o seu eixo.

Concorrendo em oito categorias do Oscar (entre elas melhor filme, diretor, ator, atriz e ator coadjuvante), "O Lado Bom da Vida" prova que é possível fazer uma comédia romântica ao modo hollywoodiano -- onde um namoro pode curar casos de loucura -- sem cair no previsível ou no piegas.

Talvez ainda seja muito cedo para garantir, mas é bem provável que este longa estabeleça um novo padrão para o gênero -- o que seria muito bem-vindo.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

VEJA O TRAILER LEGENDADO DE "O LADO BOM DA VIDA"