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Premiado em festivais, brasileiro "Colegas" celebra a inclusão social

Cena do filme brasileiro "Colegas", dirigido por Marcelo Galvão, premiado no Festival de Gramado - Divulgação / Europa Filmes
Cena do filme brasileiro "Colegas", dirigido por Marcelo Galvão, premiado no Festival de Gramado Imagem: Divulgação / Europa Filmes

Neusa Barbosa

Do Cineweb*

28/02/2013 15h27Atualizada em 28/02/2013 20h13

É difícil não simpatizar com tudo o que está por trás do filme "Colegas", de Marcelo Galvão. Começando por sua inegável contribuição para mudar a maneira como se encara a síndrome de Down, da qual são portadores os três protagonistas Ariel Goldenberg, Rita Pokk e Breno Viola.

Dois dos atores -- o casal Ariel e Rita -- já haviam participado do premiado documentário "Do Luto à Luta" (2005), de Evaldo Mocarzel, outro esforço bem-sucedido na caminho da quebra de preconceitos.

Referências cinematográficas somam-se ao longo da história de "Colegas", a começar pelo nome de um dos protagonistas, Stallone (Ariel Goldenberg) -- cuja história pessoal é marcada pelo abandono, tal como os outros internos da instituição que abriga os principais personagens.

Cinéfilo de carteirinha, trabalhando na videoteca local, Stallone é fascinado pela história de "Thelma e Louise" (1991), filme cult dirigido por Ridley Scott que acompanhava a fuga de duas mulheres (Geena Davis e Susan Sarandon).

A partir dessa inspiração, o trio formado pelos amigos Stallone, Aninha (Rita Pokk) e Márcio (Breno Viola) apossa-se do Karman Ghia de seu guardião, Arlindo (Lima Duarte), e para a estrada eles vão, de pijama e tudo.

O caminho é pontuado por vários golpes de sorte -- como a parada em um circo abandonado, onde arranjam figurinos estranhos, mas que servem perfeitamente ao propósito de manter um clima de fantasia na história.

Contradizendo esse tom de fábula, os três heróis assaltam postos de gasolina ou lojas de conveniência na estrada, usando armas de brinquedo -- um comportamento que vai colocá-los na mira da lei, tornando-os alvo da caçada de dois policiais atrapalhados, Portuga (Rui Unas) e Souza (Deto Montenegro).

VEJA TRAILER DO FILME BRASLEIRO "COLEGAS"

Desafiando o perigo, os três amigos seguem viagem, em busca de realizar seus sonhos: o de Stallone, ver o mar; o de Márcio, voar; o de Aninha, casar.

O grande problema de "Colegas" é uma indefinição entre a fábula e a denúncia social; entre o drama e a comédia, entre um filme infantil ou adulto. Nem mesmo sua época é precisada, o que faz levantar a dúvida legítima sobre em que período se passa tudo isto -- um detalhe que contribui para a perda de credibilidade.

Usando seus carismáticos atores como escudo, o tempo todo o filme de Marcelo Galvão pede que a plateia suspenda seu criticismo e se deixe levar -- o que, em alguns momentos, pode ser sentido como uma espécie de chantagem emocional.

"Colegas" coleciona prêmios por onde passa, começando pelo Festival de Gramado 2012 (melhor filme, direção de arte e especial do júri para os três protagonistas), Mostra de São Paulo (Prêmio do Público) e Festival do Cinema Latino-Americano de Trieste, Itália.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb