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"Jack: O Caçador de Gigantes" traz histórias paralelas a conto clássico

Ewan McGregor, Eleanor Tomlinson e Nicholas Hoult em cena de "Jack: O Caçador de Gigantes" - Divulgação
Ewan McGregor, Eleanor Tomlinson e Nicholas Hoult em cena de "Jack: O Caçador de Gigantes" Imagem: Divulgação

Rodrigo Zavala

Do Cineweb*

28/03/2013 16h30Atualizada em 28/03/2013 21h23

Erra o espectador ao pensar em "Jack: O Caçador de Gigantes" como uma adaptação do clássico "João e o Pé de Feijão" com esteroides. Embora claramente dialogue com o conto universal, o roteiro do filme também é inspirado em uma das histórias arturianas (aquelas do Rei Arthur e Camelot), transformando o que se vê na tela num mosaico um tanto desconexo para quem não conhece os contos paralelos. O filme estreia no Brasil em versões convencionais, 3D e IMAX 3D, dubladas e legendadas.

Torná-las complementares faz sentido quando analisado o filão de produções sobre contos de fada muito em voga atualmente -- "João e Maria: Caçadores de Bruxas" é o exemplo mais recente. Era preciso transformá-la em uma história de ação constante e com doses de humor, cujos efeitos especiais elevassem tudo o que se vê na tela a uma espécie de desenho animado delirante para adultos.

Assim, do primeiro conto desapareceram a fada, a mãe, a galinha dos ovos de ouro, a harpa encantada e a moral escroque do final da história, que emperrariam a trama. Já do segundo, foram trazidos o contexto de batalha, o reino a ser protegido, a princesa em apuros e o aporte exponencial de gigantes ao enredo. Vê-se aí a miscelânea.

Jack (Nicholas Hoult, de "Fúria de Titãs") é um garoto pobre que sonha com uma antiga lenda sobre gigantes que dominavam a região: em luta contra os humanos, eles foram banidos para uma terra encantada, entre o céu e a terra, graças a uma coroa mágica de um antigo rei -- tudo isso é mostrado em prólogo com animação.

Ao ir à cidade vender um cavalo a pedido do tio, Jack não apenas encontra e se apaixona pela princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson, de "Alice no País das Maravilhas") como também acaba recebendo como moeda de troca um punhado de feijões pelo animal. Essas sementes, na verdade, fazem parte de um plano do vilão Roderick (Stanley Tucci) para chegar ao reino dos gigantes -- um continente flutuante no céu -- e torná-los seus escravos graças a uma coroa mística. Assim, assumiria o reino sem precisar casar com a princesa.

Quando volta à casa do tio, Jack leva um safanão pela troca descabida e encontra a princesa que fugiu do castelo. O clima de paixão é interrompido quando um dos feijões cai na água, fazendo com que brote um pé gigantesco que leva não só a princesa, como a própria casa para as alturas.

TRAILER LEGENDADO DE "JACK: O CAÇADOR DE GIGANTES"

Apaixonado, Jack acompanha o exército do reino, liderado por Elmont (Ewan McGregor), na escalada para encontrar a princesa que caiu nas mãos dos gigantes. Roderick, por sua vez, coloca seu plano em prática ao acompanhar a comitiva de resgate.

Mas da idiotia dos gigantes às caricaturas encenadas especialmente por Stanley Tucci e Ewan McGregor, os personagens são muito frágeis e maçantes. Mesmo nas principais cenas de ação, o diretor Bryan Singer (de "Operação Valquíria"), erra a mão com equívocos primários, com os tempos sem obedecer à lógica da situação.

Não é por acaso que as bilheterias norte-americanas ficaram muito abaixo das expectativas da Warner -- US$ 28 milhões no fim de semana de estreia. O valor é considerado pequeno pelos executivos do estúdio, já que o filme custou quase oito vezes mais.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb